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Chávez parte para a retaliação comercial

Venezuela oferece a empresas argentinas importar produtos que hoje são comprados da Colômbia

Por CARACAS
Atualização:

Irritado com o acordo militar entre Colômbia e EUA - que permite o uso de bases militares colombianas pelos americanos por um período de dez anos -, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, decidiu partir para a retaliação comercial contra o país vizinho, responsável por 13,5% das importações venezuelanas. Nas últimas 24 horas, Caracas fez contato com 80 empresas argentinas na tentativa de oferecer a elas a fatia do mercado atualmente ocupada pela Colômbia. "A Argentina tem capacidade de substituir tudo o que vem da Colômbia", disse ontem o ministro de Comércio venezuelano, Eduardo Samán. O anúncio foi feito durante a visita oficial a Caracas da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que ontem assinou 22 acordos de cooperação econômica com a Venezuela. Os acordos abrem oportunidades de negócios nas áreas agrícola, de máquinas, de medicamentos e de matéria-prima. Chávez autorizou ainda a importação de 10 mil veículos argentinos. A compra seria feita inicialmente de empresas colombianas. A presidente argentina evitou vincular seu país com as disputas comerciais entre a Colômbia e a Venezuela. "Foram abertas vagas para a indústria automobilística. Nós não estamos tirando nada de ninguém", disse Cristina, em referência à Colômbia. Em resposta, Chávez anunciou: "Todo o petróleo e o gás que a Argentina necessitar neste século está aqui na Venezuela." A crise entre Caracas e Bogotá pode dar um impulso ainda maior ao comércio bilateral entre Venezuela e Argentina. Desde que Néstor Kirchner chegou ao poder, em 2003, até o ano passado, as exportações argentinas para a Venezuela aumentaram mais de dez vezes, passando de US$ 138 milhões para US$ 1,4 bilhão. O mercado venezuelano, porém, está longe de ser essencial para a Argentina: passou de 0,5% do total das exportações argentinas em 2003 para cerca de 2% em 2008. Caracas e Bogotá vivem um dos piores momentos em suas relações bilaterais, o que fez com que o governo venezuelano buscasse nas últimas semanas alternativas ao comércio com o vizinho. A Colômbia ocupa o segundo lugar entre os maiores importadores da Venezuela, com US$ 6,1 bilhões em 2008, atrás apenas dos EUA (US$ 12 bilhões). A crise entre começou em julho, quando Bogotá acusou Chávez de fornecer armas às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). AP E AFP; COLABOROU ARIEL PALACIOS

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