06 de outubro de 2012 | 03h00
Foram as últimas declarações de cunho eleitoral dos candidatos antes da votação de amanhã. Da zero hora de ontem até o fechamento das urnas, a lei venezuelana proíbe qualquer manifestação partidária.
No programa especial transmitido pela emissora privada Venevisión e pela estatal Venezolana de Televisión (VTV), Chávez abandonou o tom belicista apresentado no gigantesco comício encerrado horas antes no centro de Caracas e fez acenos aos setores da classe média descontentes com os resultados de seus 14 anos de governo. "Quero ser um presidente melhor do que tenho sido até agora e quero dizer à classe média que o projeto bolivariano é comprometido com todos os venezuelano e com a estabilidade do país", declarou Chávez. "Vocês lembram do que era a Venezuela antes que a nossa revolução a reconstruísse. Lembram da situação de instabilidade social, de confrontos nas ruas, de choques, de distúrbios", continuou o presidente.
O presidente admitiu a possibilidade até mesmo de avaliar a situação do ex-líder empresarial Pedro Carmona Estanga, exilado depois de assumir a presidência venezuelana por menos de dois dias, após a frustrada tentativa de golpe de 2002. E anunciou que espera a vitória de Barack Obama na eleição presidencial de 6 de novembro nos EUA para buscar uma nova aproximação com Washington, principal cliente do petróleo venezuelano.
Desafiante. O opositor Capriles, em entrevista à TV Globovisión, garantiu que não haverá perseguições contra militantes chavistas em seu governo. "Qualquer pessoa que integre a administração atual deve saber que não haverá perseguição a ninguém. Não haverá acerto de contas. Não tenho cartas em minha manga e, se proponho construir uma Venezuela de progresso, precisarei de uma Venezuela unida", declarou Capriles.
O candidato - que havia arrastado centenas de milhares de partidários para seu grande comício de encerramento de campanha em Barquisimeto, Estado de Lara, no oeste do país - desmentiu rumores de que romperia relações diplomáticas com Cuba, caso vencesse a eleição. A ilha socialista recebe petróleo venezuelano a preços subsidiados graças a convênios firmados entre Fidel Castro e Chávez.
"O que acho é que deveremos esclarecer e tornar mais sinceras as relações com esse país", afirmou Capriles. "Os recursos venezuelanos não devem servir para financiar um modelo político. Respeito profundamente o povo cubano, mas diria a ele que precisa fazer reformas políticas."
A maior parte das pesquisas de intenção de voto indicava a vitória de Chávez até o momento em que a divulgação de sondagens foi vedada pela lei eleitoral. Esses mesmos estudos, porém, mostravam um momento de crescimento da votação em Capriles. Além de Chávez e Capriles, concorrem à presidência por pequenos partidos os candidatos Yoel Acosta Chirinos, Orlando Chirino, Luis Reyes, Reina Sequera e Maísa Bolívar.
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