22 de maio de 2011 | 00h00
No Nordeste do Brasil, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, sonhou em construir uma refinaria de petróleo e batizá-la de "José Inácio de Abreu e Lima" - nome do aventureiro brasileiro que lutou pela independência da Venezuela. Em visita à cidade, Chávez disse que essa joint venture entre Caracas e Brasília uniria a América Latina contra um comum adversário: os EUA.
A refinaria, cuja construção tem valor estimado em US$ 15 bilhões, deve ser concluída em dois anos, mas recebe poucas contribuições da Venezuela.
Temperamental, Chávez durante anos apoiou projetos na região numa tentativa de levar a Venezuela à vanguarda de uma nova era na América Latina. Mas sua influência fora de seu país está minguando, enquanto crescem as preocupações com a economia venezuelana - alicerçada principalmente no petróleo - e com seu estilo de governo, sobretudo após as recentes detenções de seus opositores.
Acentuada desde 2009, quando a economia venezuelana começou a se enfraquecer, a reviravolta parece chocante se comparada aos dias em que Chávez circulava pela América do Sul fazendo inflamados discursos antiamericanos e inaugurando obras cuja construção fora financiada por petrodólares.
"Ele não está na crista da onda como há dois anos", disse Luiz Felipe Lampreia, ex-chanceler brasileiro. "Acho que está perdendo sua capacidade de influenciar os outros e liderar, mesmo entre seus próprios amigos."
Silenciosa e discretamente, alguns dos maiores projetos do populista venezuelano foram abandonados ou esquecidos, ou ainda nem decolaram, entre eles um oleoduto da Venezuela à Argentina, um banco de desenvolvimento sul-americano, projetos habitacionais, estradas e um fundo continental de investimento.
Não se sabe por que alguns projetos foram descartados. Os porta-vozes do governo venezuelano não responderam aos pedidos de entrevista. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL E CELSO PACIORNIK
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