Chávez promove general acusado pela OEA de 'ameaçar golpe'

Henry Rangel Silva disse que Forças venezuelanas poderiam se rebelar se oposição vencer eleição e perseguir militares chavistas.

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Por Claudia Jardim
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Chávez felicitou militar por 'lealdade' à Constituição O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, promoveu um alto comandante militar venezuelano que jurou "lealdade" à revolução bolivariana, desatando críticas da oposição e da Organização de Estados Americanos (OEA). O chefe do Comando Estratégico da Venezuela e segundo homem na hierarquia militar do país, o general Henry Rangel Silva, disse que poderia haver uma rebelião cívico-militar caso a oposição ganhasse as eleições em 2012 e desse início a um processo de "limpeza" contra os generais que foram leais à Chávez. O secretario-geral da OEA, José Miguel Insulza, disse que a declaração era "inaceitável". Para a oposição venezuelana, Silva violou a Constituição ao jurar lealdade ao projeto chavista. Na quinta-feira, Chávez disse que militar declarou lealdade à Constituição do país e promoveu-o ao ranking de general-em-chefe. "Parabenizo-o por sua claridade estratégica", afirmou Chávez. Mais cedo, a chancelaria venezuelana emitiu um comunicado qualificando as declarações de Insulza como "inaceitável intromissão" nos assuntos internos do país. Polêmica A polêmica começou na segunda-feira, quando o jornal Últimas Noticias publicou declarações em que Henry Rangel considera ser possível uma rebelião cívico-militar caso a oposição ganhasse as eleições em 2012. "É possível que o povo comece a sentir que estão tirando algo dele à medida que comecem a desmontar as Forças Armadas", disse o militar. "A reação do povo e a vontade popular vai se impor", afirmou Rangel. "Nos casamos com este projeto de país." Insulza comentou as declarações do general venezuelano, considerando se tratarem de uma "ameaça" de insubordinação. "Acabo de denunciar uma tentativa de golpe de Estado no Equador porque um corpo armado se levantou contra a autoridade civil democrática. Portanto, não posso ser incoerente. Ninguém pode me pedir que fique calado quando outro corpo armado ameaça se insubordinar contra uma hipotética autoridade civil futura", disse Insulza ao jornal "The News Herald", na quarta-feira. Chávez retrucou a afirmação de Insulza, dizendo que ele estava mal informado e que as declarações do militar foram mal-interpretadas. "Agora, até Insulza anda dizendo que um chefe militar está ameaçando com um golpe (...). Não seja insulzo (insosso), Insulza", afirmou Chávez, em cadeia nacional de rádio e televisão, durante reunião de Conselho de Ministros. O presidente afirmou ser "lamentável" que um alto funcionário da OEA se posicionasse dessa maneira. "O que dá é pena", acrescentou. Polêmica Opositores acusam ainda o general Henry Rangel de estar envolvido num escândalo que envolve ao narcotraficante Walid Makled, preso na Colômbia. Os governos da Venezuela e dos Estados Unidos pediram a extradição de Makled. No início do mês, Makled disse ter uma "lista de 15 generais" que estariam envolvidos em sua rede de narcotráfico. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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