Chávez propõe integração respeitando soberania de cada país

Presidente venezuelano defendeu a necessidade de países da região se integrarem para enfrentar os desafios políticos

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Por Agencia Estado
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O presidente venezuelano, Hugo Chávez, defendeu nesta terça-feira em Quito a necessidade de os países da região se integrarem para enfrentar os desafios políticos, mas respeitando a soberania de cada nação. Em uma visita de seis horas ao Equador, Chávez se reuniu com o presidente equatoriano, Alfredo Palacio, com quem discutiu "uma nova etapa de relações no setor da energia". Chávez se referiu assim aos dois convênios na área dos hidrocarbonetos assinados pelos ministros de Energia da Venezuela, Rafael Ramírez, e do Equador, Iván Rodríguez. O acordo permitirá ao Equador refinar petróleo na Venezuela e diminuir os custos na importação de derivados. Integração Após uma reunião particular entre os presidentes, que durou mais de duas horas, Chávez expressou a predisposição de seu país em financiar "a integração bilateral no campo político, mas respeitando os critérios políticos" alheios. "É preciso colocar o supremo interesse de nossos povos, de nossas repúblicas, (a necessidade) de nos aliarmos em uma verdadeira estratégia unitária acima de tudo. Só juntos podemos nos libertar", disse Chávez, no palácio de Carondelet, sede do Executivo do Equador. O chefe de Estado venezuelano agradeceu ao presidente do Equador pela permissão de colaborar com este país em sua nova política energética, que Palacio define como a "recuperação da soberania". Política petrolífera Chávez disse estar certo de que Palacio será atacado pelas recentes decisões no campo dos hidrocarbonetos, por ter reformado uma lei para arrecadar mais dinheiro dos excedentes da receita das multinacionais. O Governo equatoriano também rescindiu neste mês o contrato com a empresa americana Occidental e tomou controle dos campos em que a companhia operava. O presidente venezuelano disse ser inconcebível que o Equador, um país produtor e exportador de petróleo, também deva investir grandes quantidades de dinheiro para comprar combustível. Palacio afirmou que, graças à Venezuela, "a política petrolífera do Equador mudará em breve". "Agora demos os passos adequados para que, muito em breve, possamos começar a construção de novas refinarias, aumentando (o número das) refinarias no Equador", disse Palácio. O presidente equatoriano comentou as recentes decisões de seu Governo na área dos hidrocarbonetos e especificou que essas medidas não estão relacionadas à negociação do tratado de livre-comércio, que Quito e Washington conversam desde 2004, e que recentemente foi suspensa. Além disso, Palacio disse que as decisões sobre os hidrocarbonetos não têm nada a ver com o regime de preferências tarifárias (ATPDEA), nas quais os EUA concedem isenções de tarifas a alguns países andinos que colaboram com Washington na luta contra as drogas. Palacio comentou que a Comunidade Andina de Nações (CAN), na qual o Equador é membro, "não preencheu os espaços onde as nações possam se beneficiar" no grupo. "O Parlamento Andino também está muito frágil para nossas democracias", afirmou. Por isso, o presidente do Equador insistiu na necessidade de uma integração latino-americana, para construir uma "globalização com um rosto humano" com todas as nações do mundo.

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