Chávez qualifica fim da greve de "vitória popular"

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Por Agencia Estado
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Agências bancárias, escolas particulares, centros comerciais, indústrias e empresas de prestação de serviços começaram hoje a retomar suas atividades, após 62 dias de greve geral promovidas pela oposição da Venezuela para derrubar o presidente Hugo Chávez. A greve continua apenas parcialmente na estatal Petróleo de Venezuela S.A (PDVSA). Os grevistas da empresa exigem a readmissão de 5.111 funcionários demitidos por Chávez e qualificados de "sabotadores" pelo presidente. A PDVSA, que produzia em média 2,8 milhões de barris de petróleo por dia, teve a produção reduzida para 150 mil barris diários em meados de dezembro. No domingo, em meio a um discurso de sete horas - o mais longo desde que chegou ao poder, há quatro anos -, Chávez afirmou que a produção da empresa está se recuperando paulatinamente, localizando-se hoje no nível dos 1,8 milhão de barris diários. O discurso de Chávez se deu durante a transmissão de seu programa dominical Alô, Presidente. O fim da greve geral foi qualificada por ele como "uma vitória popular" sobre "setores golpistas e fascistas" da oposição. Entre os líderes do movimento oposicionista, no entanto, ninguém fala em "suspensão" da greve geral. O líder opositor Timóteo Zambrano assinalou que a "flexibilização" da greve não significa seu fim. "O protesto cívico evolui, fechando o cerco democrático contra o governo e deixando-lhe uma só saída, a eleitoral", disse Zambrano. "Estamos iniciando uma nova etapa na luta contra o governo, com novas formas de ajudar na mesa de negociação (fórum de discussão entre governo e oposição instalado em outubro e mediado pelo secretário-geral da Organização de Estados Americanos, César Gaviria)", acrescentou Zambrano. A oposição assegura ter reunido no domingo mais de 4 milhões de assinaturas de apoio a uma reforma constitucional destinada a reduzir o mandato de Chávez, de seis para quatro anos. A coleta de assinaturas substituiu um referendo consultivo que a oposição pretendia realizar sobre a saída de Chávez do governo. A consulta foi cancelada depois de o Tribunal Superior de Justiça considerá-la inconstitucional. A Coordenação Democrática, que congrega as entidades empresariais e trabalhistas da oposição, qualificou o resultado da coleta de "uma esmagadora vitória" sobre Chávez. "Chávez mostrou muito mais força política do que supunha a oposição", disse o analista Luis Vicente León, do instituto de Caracas Datanalisis. "Além de não ter derrubado Chávez, a greve provocou um custo econômico brutal para as empresas que participaram dela."

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