Chávez quer indicar diretor de TV crítica

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse ontem que seus aliados têm o direito de indicar pelo menos um dos membros do conselho diretor da TV Globovisión, a única crítica a sua gestão que ainda transmite para todas as grandes cidades na Venezuela. Segundo Chávez, seu governo também pode tomar o controle de até 45,8% da emissora.

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Por Efe e Reuters
Atualização:

 

Pelos cálculos do presidente venezuelano, 25,8% das ações da emissora pertencem ao Banco Federal, do empresário Nelson Mezerhane, que sofreu intervenção do governo em junho por causa de problemas de liquidez.

 

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"A junta interventora do Banco Federal agora é obrigada a designar um representante na junta diretora da Globovisión - não é que queira ou não queira. Agora temos25,8% das ações e isso nos dá direito a um representante no corpo diretor (da emissora)", afirmou.

 

Chávez sugeriu dois nomes para integrarem a direção da Globovisión: Mario Silva e Alberto Nolia.Silva é apresentador do programa La Hojilla (A Lâmina), na TV estatal, no qual se dedica a contestar a mídia não-alinhada com Chávez. Nolia apresentou até 2009, Los Papeles de Mandinga (Os Papéis de Mandinga), com a mesma proposta. "Não é meu papel nomeá-los, mas posso recomendar", afirmou o presidente.

 

Segundo o líder venezuelano, além dos 25,8% das ações da Globovisión que pertenceriam ao Banco Federal, o governo também poderia se apropriar da participação de 20% de "um senhor chamado Tenório, que, infelizmente, faleceu".

 

"Junte os 25,8%, mais 20%e dá 45,8% da Globovisión", afirmou Chávez, em um discurso na TV. "Não estamos expropriando (a emissora), mas nos incorporando ao negócio."

 

Em um comunicado, a Globovisión afirmou que Mezerhane, por meio do banco, tem apenas 20% da empresa e - segundo seu estatuto - os acionistas não têm direito de designar membros do conselho-diretor individualmente. "Eles são designados pela assembleia de acionistas, como voto de mais de 55% do capital social", explica o texto.

 

O presidente venezuelano vem ameaçando tomar o controle da Globovisión há pelo menos três anos. O maior acionista da emissora, Guillermo Zuloaga,teve de fugir do país em junho, após um tribunal decretar sua prisão por estocar veículos para especulação (ele também é dono de uma concessionária). Em 2007, Chávez recusou-se a renovar a concessão de outra emissora crítica a seu governo, a RCTV.

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Mergulhado em uma disputa com a Igreja Católica, o presidente venezuelano também pediu ontem ao ministro do Interior, Tarek El-Aissami, que revise a concessão da Vale TV, outorgada ao Arcebispado de Caracas.

 

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