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Chávez reforça aliança com Bielo-Rússia

Acordo amplia exploração conjunta de campos petrolíferos na Venezuela

Por Reuters e France Presse
Atualização:

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, e seu colega bielo-russo, Alexander Lukashenko, assinaram ontem um acordo para explorar conjuntamente mais três campos petrolíferos na Venezuela. Chávez prometeu trabalhar com a Bielo-Rússia - uma ex-república soviética que hoje mantém tensas relações tanto com Washington quanto com Moscou - para derrotar o "imperialismo hegemônico" dos Estados Unidos. Sua visita foi conveniente para Lukashenko, que está politicamente isolado e acuado pela alta do preço dos hidrocarbonetos russos. O líder bielo-russo está há 14 anos no poder e diplomatas americanos se referem a seu regime como "a última ditadura da Europa". Lá, os meios de comunicação continuam controlados pelo Estado e a lista de prisioneiros políticos é imensa. "Estamos lutando contra o mesmo adversário - o imperialismo americano", disse Chávez, que um dia antes firmou contratos para compra de armamento e cooperação na área energética com a Rússia e declarou que Moscou tem ajudado a defender a "soberania venezuelana" das "ameaças" dos EUA. "Estamos vencendo, mas ainda há uma longa batalha pela frente", completou. Os agradecimentos de Lukashenko foram efusivos: "Nenhum outro presidente de nenhum outro país fez tanto pela Bielo-Rússia quanto esse homem desde a nossa independência", disse, referindo-se a Chávez, após entregar ao venezuelano o prêmio Amizade das Nações. Chávez disse que os dois países já estão produzindo em conjunto 30 mil barris de petróleo diários e a meta é duplicar tal quantidade. Os novos projetos serão implementados nos Estados venezuelanos de Anzoatégui, no nordeste do país, e Zúlia, no noroeste. Segundo a agência de notícias oficial da Bielo-Rússia, a Belta, a empresa mista Petrolera Bielo-Venezuelana (PBV) poderá extrair mais petróleo de jazidas na Faixa do Orinoco. Essa foi a terceira visita de Chávez à Bielo-Rússia. Os dois países já têm vários convênios nos setores militar, energético e agroindustrial. Há um ano, o secretário do Conselho de Segurança bielo-russo, Viktor Sheiman, divulgou contratos para a venda de armas à Venezuela no valor total de mais de US$ 1 bilhão. Segundo Sheiman, os contratos foram negociados durante a visita de uma comissão estatal bielo-russa à Venezuela. No ano passado, em meio ao aumento das tensões com a Rússia por causa do preço dos combustíveis, a Bielo-Rússia intensificou a busca de fontes alternativas de suprimento. A aliança com a Venezuela visa a atender a essa necessidade. Em março, o governo bielo-russo pediu que a embaixadora americana em Minsk deixasse o país e chamou de volta seu representante diplomático nos EUA, depois que Washington adotou sanções econômicas contra a petrolífera estatal Belneftejim e impôs restrições de viagem ao embaixador bielo-russo em Washington. PORTUGAL Após a visita à Bielo-Rússia, Chávez seguiu para Portugal, onde vai assinar uma série de acordos nas áreas de energia, habitação e obras públicas, além de estreitar relações com o governo do primeiro-ministro socialista José Sócrates. O próximo destino será a Espanha, onde Chávez deverá se encontrar com o rei Juan Carlos pela primeira vez desde o incidente em que o monarca mandou o presidente venezuelano se calar, em novembro.

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