Chavismo promete retaliar empresários que apoiam referendo

Em programa na TV estatal, número dois do governo venezuelano, Diosdado Cabello, defendeu o cancelamento de contratos e financiamentos com quem assinou pedido contra Maduro

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CARACAS - O número dois do governo venezuelano, Diosdado Cabello, defendeu na quarta-feira, 12, o cancelamento dos contratos do Estado com empresários que assinaram a iniciativa dos opositores da Mesa da Unidade Democrática (MUD) a favor do referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro.

"Empresário que apareceu assinando e tem contrato com o Estado?! Por favor, papito lindo! Assim não dá, não pode ter contratos com o Estado", disse Cabello em seu programa semanal na televisão estatal. Há uma semana, Cabello defendeu a demissão dos diretores de empresas estatais que apoiaram o recolhimento de assinaturas para ativar o referendo revogatório.

Nicolás Maduro (esq.) participa de evento ao lado de Diosdado Cabello (dir.) Foto: AFP PHOTO / FEDERICO PARRA

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Na quarta-feira, o chavista foi mais longe ao propor que os bancos públicos suspendam o crédito aos empresários favoráveis à saída de Maduro.

"O mesmo para os créditos, eles (empresários) são os primeiros a fazer fila para pedir dinheiro, mas depois vão sabotar, não vão entregar as coisas a tempo, não se pode fazer uma revolução no país assim", afirmou Cabello. "Digam o que quiserem, mas uma revolução se faz com revolucionários, é a única maneira de se fazer uma revolução de verdade."

A oposição entregou no dia 2 de maio 1,8 milhão de assinaturas ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para pedir a ativação do referendo revogatório contra Maduro, superando amplamente as cerca de 200 mil firmas requeridas.

O CNE - acusado pela oposição de seguir as orientações do governo - concluiu na segunda-feira passada a contagem das assinaturas, mas ainda não anunciou o próximo passo: a convocação dos interessados para que validem suas firmas com impressão digital.

A oposição espera realizar a consulta até o final de 2016, mas o governo afirma que os prazos legais não permitirão isto. / AFP

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