CARACAS - A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, converteu-se em uma pedra no sapato para o governo de Nicolás Maduro ao ponto de um deputado chavista pedir à Justiça para avaliar a saúde mental dela. Para o deputado Pedro Carreño, Luisa pode levar a Venezuela a uma “guerra civil”.
“Vamos ao Tribunal Supremo de Justiça solicitar que se forme uma junta médica de especialistas, peritos, psicólogos e psiquiatras para que façam uma avaliação dessa senhora”, disse Carreño, nesta segunda-feira, 5, ao canal estatal VTV.
Carreño considerou que a procuradora tem “insanidade mental” e comparou o caso ao do ex-presidente equatoriano Abdalá Bucamaram, a quem o Congresso de seu país destituiu em 1997 por suposta incapacidade mental.
Para ele, Luisa não apenas pode levar o país a uma guerra civil, como também pode gerar as condições para uma “invasão estrangeira”. Chavista, a procuradora vem se afastando do governo Maduro desde março, ao denunciar a “ruptura constitucional” por decisões do TSJ contra o Parlamento venezuelano, sob controle da oposição. Segundo ela, a corte estava a serviço dos interesses do governo.
A chefe do Ministério Público também pediu a Maduro para retirar sua convocatória de uma Assembleia Constituinte, prevista para julho, e responsabiliza os militares por violações dos direitos humanos durante os protestos de opositores.
O ministro de Comunicação e Informação da Venezuela, Ernesto Villegas, informou ontem que a onda de protestos no país já deixou 80 mortos em 66 dias.
Processo dessa natureza para funcionários do governo não está previsto na lei venezuelana. Além disso, o Legislativo é o único poder com faculdade para destituir a procuradora. / AFPe EFE