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Chavistas invadem palácio presidencial

Por Agencia Estado
Atualização:

O anúncio do presidente interino da Venezuela, Pedro Carmona, de que reabriria a Assembléia Nacional (AN), que ele dissolvera por decreto na véspera, aprofundou neste sábado a confusão política que se seguiu à destituição do presidente constitucional, Hugo Chávez, na madrugada desta sexta-feira. Numa entrevista à rede de TV CNN em espanhol, Carmona declarou que reabriria o Legislativo para "corrigir" equívocos cometidos logo depois de ter sido instalado na presidência. Na mesma entrevista, assegurou que Chávez estava recluso "numa instalação militar", que não quis especificar, e informou que as autoridades do governo provisório atenderiam ao pedido do líder deposto de abandonar o país. Carmona disse que ainda não sabia qual país poderia receber Chávez. Mas, minutos depois do anúncio da medida, ministros do deposto regime de Chávez invadiram o Palácio de Miraflores, sede do governo, apoiados por manifestantes chavistas. Ao mesmo tempo o reinstalado presidente da AN, William Lara, anunciava que o Legislativo daria posse imediata ao vice-presidente constitucional, Diosdado Cabello, até que Chávez fosse libertado e reassumisse o posto. Lara, que se encontrava no palácio junto com os ministros, disse que a AN, de maioria chavista, considerava Carmona um "usurpador da presidência". O ex-chefe do corpo de segurança de Chávez Jesús Suárez chegou a anunciar que o regime chavista estava reinstalado. "Miraflores está tomado", disse, em declarações à Rádio Unión. "O único presidente é Hugo Chávez Frías e esses fascistas que se autonomearam, se autoproclamaram e se autojuramentaram devem saber que não podem rasgar a Constituição." Carmona foi forçado a reabrir a AN por pressão do comandante-geral do Exército, general Efraín Vázques, e da comunidade internacional, e à noite confirmou a intenção de permitir a Chávez que partisse para o exílio. Segundo Carmona, Chávez não estava detido, mas "sob custódia das Forças Armadas", e deixaria o país porque era esse o seu desejo. Um "dignitário da Igreja" acompanharia a partida de Chávez, disse Carmona, "para constatar sua absoluta integridade moral e física". Nem Carmona nem Vásquez quiseram informar onde estava Chávez. O presidente foi levado na sexta-feira para o Forte Tiuna. Mas, segundo rumores, teria sido transferido na madrugada deste sábado para a Base Aérea de Maracay, em meio a manifestações, na porta do forte, de simpatizantes do ex-presidente. Mais cedo, a mulher de Chávez, Marisabel Rodríguez de Chávez, declarou que ele lhe havia garantido, pelo telefone, na sexta-feira, que não havia renunciado, mas se disporia a renunciar perante a AN, como prevê a Constituição.

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