Chavistas investigam aliado de Capriles

Deputado é suspeito de ter aceitado propina de empresário em nome do candidato da oposição, mas diz ter sido vítima de armação do governo

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Por CARACAS
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A Assembleia Nacional da Venezuela, controlada por partidários do presidente Hugo Chávez, vai investigar uma denúncia de corrupção que envolve o deputado oposicionista Juan Carlos Caldera, membro da campanha do candidato da oposição, Henrique Capriles. Caldera é acusado de usar o nome de Capriles para receber 40 mil bolívares (US$ 9,2 mil) de um empresário. "Trata-se de um crime cometido por uma organização política. Faremos tudo que está ao alcance da Assembleia (para investigar o caso)", disse o presidente do Legislativo, Diosdado Cabello. "Iremos até as últimas consequências. Ele não é qualquer militante, é um nome de peso da oposição. A oposição é cínica."O deputado admite ter recebido o dinheiro, mas ele seria destinado à sua campanha, e não à de Capriles. O dinheiro teria sido entregue por um enviado do empresário Wilmer Ruperti, próximo a Chávez, mas que, segundo ele, estaria interessado na campanha de Capriles.O vídeo foi divulgado na TV estatal venezuelana pelo deputado Julio Chávez, do Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV). As imagens mostram Caldera conversando com um homem não identificado e recebendo dinheiro para a campanha da oposição. No vídeo, o homem diz agir em nome do "chefe" (Ruperti) e pede a Caldera um encontro com Capriles.Em seguida, o deputado diz: "É preciso entrar em acordo com o pessoal das finanças dele. Com Henrique, se Wilmer (Ruperti) estiver de acordo, é mais fácil encontrá-lo em alguma viagem."Depois da divulgação do vídeo, Capriles afastou o deputado de sua campanha. "Diante da informação que temos, o deputado Juan Carlos Caldera fica fora do projeto", disse o candidato. "Ele se colocou à margem do projeto que estamos construindo."Reação. Caldera diz ser inocente da acusação de corrupção. Ontem, ele afirmou ser vítima de uma armação. "Evidentemente, houve toda uma montagem. Quem viu o vídeo se dá conta de que há um jogo de câmeras para preparar uma armadilha", declarou o deputado. "Eles querem prejudicar quem não tem nada a ver com isso: Henrique Capriles."Caldera era o representante da chapa da Mesa de Unidade Democrática (MUD) perante o Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O deputado de 39 anos é candidato à prefeitura de Sucre, um distrito de Caracas que até 2008 era controlado pelo chavismo. Alguns simpatizantes do candidato oposicionista corroboram a versão do deputado de armação, principalmente pelo fato de Ruperti ser próximo de Chávez. Durante a greve patronal que antecedeu a tentativa de golpe de Estado de 2002, o empresário, que tem negócios no setor naval e petroleiro, ofereceu-se para amenizar o problema de abastecimento de combustível no país. Neste ano, Ruperti comprou num leilão duas pistolas que pertenceram ao herói da independência Simón Bolívar por US$ 1,6 milhão e as doou ao Estado venezuelano. Analistas avaliam que o escândalo terá um impacto negativo para a campanha de Capriles, cujo combate à corrupção é um dos pontos principais. A menos de um mês da eleição, Chávez lidera a maioria das pesquisas de opinião no país, mesmo as de institutos tidos como mais próximos da oposição. O presidente, que se recupera de um câncer, disputa seu quarto mandato. / REUTERS

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