16 de março de 2011 | 17h06
VIENA - O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA), Yukiya Amano, confirmou nesta quarta-feira, 15, que três reatores da usina nuclear de Fukushima Daiichi, na província japonesa de Fukushima (noroeste do país), foram danificados pelas consecutivas explosões após o terremoto que atingiu o país na sexta-feira.
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"A situação na usina de Fukushima Daiichi é muito séria. Danos nos núcleos de três unidades, os reatores número 1, número 2 e número 3, foram confirmados. Mas não houve mudanças significativas desde ontem (terça-feira). Os núcleos permanecem cobertos", disse Amano em uma coletiva. "Não sabemos a situação exata nos recipientes dos reatores, mas a pressão de dentro se mantém acima da pressão atmosférica. Isso sugere que eles permanecem praticamente intactos."
Amano anunciou que embarcará na quinta-feira, 17, para o Japão a fim de buscar informações de primeira mão sobre a situação em Fukushima. A medida indica a crescente preocupação da AIEA, encarregada de promover a utilização segura da energia nuclear, sobre a falta de informações rápidas e detalhadas do Japão a respeito da crise em curso.
"É diferente receber dados por e-mail de Tóquio ou sentar com eles e trocar pontos de vista", afirmou Amano, que é japonês, em entrevista coletiva. "Nós sempre precisamos melhorar o fluxo de informação", afirmou, acrescentando que espera reunir altos funcionários japoneses, mas que não está decidido se ele irá à usina, danificada durante o terremoto de sexta-feira no país.
Apesar da sua crescente preocupação, Amano disse que não é o momento de dizer se a situação está fora do controle, conforme sugeriu um alto funcionário europeu em declarações que derrubaram as bolsas. "Não é o momento de dizer que as coisas estão fora de controle", afirmou Amano. "Os operadores estão fazendo o máximo para restabelecer a segurança do reator."
O veterano diplomata falou num dia em que os técnicos japoneses chegaram a deixar a usina devido aos níveis elevados de radiação, e um helicóptero foi impedido de se aproximar para jogar água num dos reatores avariados. Mais cedo na quarta-feira, outro incêndio havia atingido a usina, que nas últimas 24 horas tem mandado níveis baixos de radiação na direção de Tóquio, causando medo na capital e alerta na comunidade internacional. "É uma situação muito séria", afirmou Amano.
Situação no Japão
Segundo o chefe da AIEA, mesmo após a constatação dos danos, o quadro na usina não mudou muito desde o primeiro vazamento de material radiativo. Em outro sinal potencialmente ameaçador, ele sugeriu que a água estava a um nível que deixou exposto até dois metros dos núcleos que sustentam as barras de combustível atômico, mas a pressão no interior sugere que os vasos do reator estão intactos.
A empresa Tokyo Electric Power, operadora da usina, disse que o reator número 3 - o de Fukushima que usa plutônio como combustível - é a sua "prioridade." O plutônio, quando absorvido pelo organismo humano, pode passar anos na medula óssea e no fígado, e causar câncer.
A AIEA, que tem mandato para compartilhar informações com os Estados membros quando há uma emergência nuclear, também enfrentou críticas na mídia e em comentários postados em sua página do Facebook por causa do fornecimento escasso e desatualizado de informações. A agência diz que só pode fornecer as informações que recebe e verifica.
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