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Chefe da ONU pede inquérito em Gaza

Em visita ao território, Ban defende investigação de ataques à organização

Por AFP , Reuters e Gaza
Atualização:

Em visita à Faixa de Gaza três dias após Israel declarar um cessar-fogo unilateral e encerrar a ofensiva contra o Hamas, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu ontem uma "investigação exaustiva" dos ataques israelenses contra instalações da organização no território palestino. "Os responsáveis devem prestar contas às instâncias judiciais", declarou Ban, visivelmente abalado, diante das ruínas do principal prédio da ONU em Gaza, atacado na sexta-feira por Israel. Na agressão mais mortífera do Exército israelense contra a ONU em Gaza, tanques dispararam no dia 6 contra uma escola administrada pela organização, matando mais de 40 civis, segundo autoridades palestinas. Para Ban, o episódio foi "revoltante". Israel afirma ter respondido a disparos de militantes do Hamas, que estariam posicionados ao lado do prédio. Ban, o primeiro líder internacional a entrar em Gaza desde junho de 2007, quando o Hamas expulsou o Fatah - partido do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas - do território, qualificou a atual situação de "desoladora". Mais de 1.300 palestinos morreram, pelo menos 5 mil ficaram feridos e boa parte da infraestrutura de Gaza foi arrasada durante as três semanas de conflito. "Foi especialmente difícil e triste para mim, como secretário-geral da ONU, não poder encerrar (a guerra) mais rapidamente", admitiu Ban. O sul-coreano ainda advertiu que Israel e o Hamas devem agora "se conter ao máximo e contribuir com a trégua". Apesar das tentativas, Ban não participou pessoalmente das negociações de uma trégua, coordenadas por Egito e França. Mas a crise em Gaza teria sido um "fracasso político coletivo", defendeu. Ontem, apesar da trégua, a Força Aérea israelense atacou uma área de onde militantes palestinos lançaram oito foguetes contra o sul de Israel. Em outros dois episódios isolados houve troca de tiros entre soldados e militantes do Hamas, sem deixar feridos. Antes de entrar em Gaza, o chefe da ONU esteve na cidade israelense de Sderot, um dos principais alvos dos foguetes disparados diariamente pelo Hamas. Os ataques, segundo Ban, são "temíveis e inaceitáveis". ?VITÓRIA? Enquanto o diplomata sul-coreano viajava ao território palestino para avaliar os estragos e a crise humana, centenas de manifestantes do Hamas reuniam-se diante do Parlamento de Gaza - fortemente atingido nos bombardeios -, declarando vitória sobre Israel nos 22 dias de conflito. A multidão levava cartazes em hebraico, dizendo que "a resistência será vitoriosa, Israel foi vencido". Em sua passagem por Gaza, Ban não se encontrará com nenhuma autoridade do Hamas - grupo considerado "terrorista" por Israel, EUA e União Europeia (UE). O Egito anunciou ontem que promoverá um encontro no domingo para discutir a situação em Gaza. Os presidentes da França, Nicolas Sarkozy, e da Turquia, Abdullah Gul, os chefes de governo da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, e da Alemanha, Angela Merkel, além de enviados dos EUA e da Rússia, já confirmaram que vão à reunião no Cairo.

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