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Chefe de direitos humanos da ONU sugere que Snowden não deveria ser julgado

"Aqueles que revelam violações dos direitos humanos devem ser protegidos, nós precisamos deles", disse Navi Pillay

Por STE
Atualização:

A principal autoridade da ONU para o tema dos direitos humanos sugeriu nesta quarta-feira que os Estados Unidos deveriam abandonar os esforços para julgar Edward Snowden, dizendo que as revelações dele sobre a vigilância em grande escala dos governos foi de interesse público.

A alta comissária da ONU recusou-se a dizer se o presidente dos EUA, Barack Obama, deveria perdoar Snowden, alegando que ele ainda nem foi condenado Foto: Reuters

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A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, disse que Snowden, ex-prestador de serviços da Agência de Segurança Nacional dos EUA, abriu um debate global que levou a pedidos pela restrição dos poderes dos governos para monitorar cidadãos na Internet e armazenar seus dados. 

  "Aqueles que revelam violações dos direitos humanos devem ser protegidos, nós precisamos deles", disse Pillay em entrevista coletiva. "Eu vejo um pouco disso aqui no caso do Snowden, porque suas revelações vão no centro do que estamos dizendo sobre a necessidade de transparência", afirmou. "Nós devemos muito a ele por ter revelado este tipo de informação." 

  Os Estados Unidos acusam Snowden de espionagem, roubo de propriedade governamental, comunicação não autorizada de informação de defesa nacional e revelação intencional de comunicações de inteligências confidenciais para pessoa não autorizada. 

  Pillay recusou-se a dizer se o presidente dos EUA, Barack Obama, deveria perdoar Snowden, alegando que ele ainda nem foi condenado. 

  "Como ex-juíza eu sei que se ele está enfrentando procedimentos judiciais nós devemos esperar o resultado", disse. Mas ela acrescentou que Snowden deveria ser visto como "defensor dos direitos humanos". 

  Pillay fez as declarações após divulgar um relatório sobre vigilância dos governos. O documento diz que os Estados devem aceitar fiscalizações mais rigorosas sobre seus poderes de vigilância de dados e que as companhias precisam ampliar sua resistência aos pedidos dos governos por informações de usuários. 

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  As revelações feitas com base em documentos vazados por Snowden sobre a vigilância na Internet realizada pelo governo dos EUA provocaram indignação de vários países alvo da espionagem norte-americana, incluindo Brasil, Alemanha e México. Snowden está asilado na Rússia atualmente.

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