Chefe de inspetores acusa Iraque de contrabando

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Por Agencia Estado
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Os inspetores das Nações Unidas encontraram grande quantidade de materiais comprados ilegalmente pelo Iraque, mas ainda não determinaram se eles poderiam ser usados em um programa de armas de destruição em massa, declarou ontem o chefe dos peritos da ONU, o sueco Hans Blix, em uma longa entrevista à rádio britânica BBC. "É evidente que o Iraque importou materiais vinculados a armamentos, violando proibições do Conselho de Segurança", afirmou. Em sua edição de hoje, o diário britânico The Times assinala, citando altos funcionários britânicos, que as partes de motores de mísseis descobertas pelos inspetores podem estar ligadas a um programa de mísseis de longo alcance e isso poderia ser a prova de que o Iraque mantém um programa de armas de extermínio. Blix mencionou partes de mísseis em seu informe preliminar ao CS, na semana passada. Na ocasião, segundo The Times, essa revelação não pareceu significativa porque a ONU não proíbe o Iraque de manter mísseis com alcance de até 150 quilômetros, para autodefesa. No entanto, as suspeitas agora são de que as peças se destinavam a armas de longo alcance. O dossiê britânico sobre os programas armamentistas iraquianos, divulgado em setembro pelo primeiro-ministro Tony Blair, sustentava que o país estava desenvolvendo mísseis com até mil quilômetros de alcance. Não por acaso, os inspetores centraram hoje a vistoria numa fábrica de mísseis e uma oficina de motores na região de Bagdá. Na mesma entrevista à BBC, Blix explicou que os inspetores estão ampliando seu raio de ação, depois de terem recebido informações dos serviços de inteligência britânicos e americanos como reivindicara. Ele terá de apresentar no dia 27 ao CS um balanço completo sobre as inspeções e também relacionará um conjunto de tarefas programadas até o fim de março, quando fará novo relato. Nesse ínterim, a equipe de inspetores será aumentada. "Na resolução de novembro não foi especificada uma data para o fim do trabalho de inspeção", lembrou. Blix endossou o argumento dos EUA e da Grã-Bretanha de que cabe ao Iraque apresentar evidências de que destruiu seu arsenal. "Eles têm de mostrar provas verificáveis", disse. Demonstrando crescente impaciência com o governo iraquiano, o presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou hoje estar "irritado e cansado" com os engodos do país e insistiu que o tempo para que o Iraque cumpra as exigências da ONU está correndo. Apenas um dia antes o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed el-Baradei, observara serem necessários vários meses para os inspetores examinarem todos os locais suspeitos. No entanto, o porta-voz de Bush, Ari Fleischer destacou que cabe a Saddam Hussein, o líder iraquiano, desarmar-se e não à ONU provar que o país não tem mais armas de extermínio. Hoje, a TV americana ABC informou, mencionando fontes no governo, que os EUA poderão precisar de mais de 350 mil homens para atacar e ocupar o Iraque - bem mais do que Bush previa.

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