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Chefe do Exército turco apóia autorização para os EUA

Por Agencia Estado
Atualização:

O comandante das influentes Forças Armadas turcas disse que o Exército apóia a entrada de tropas dos Estados Unidos na Turquia para uma guerra no Iraque, afirmando que seria em benefício do país. O comunicado do general Hilmi Ozkok aumenta a pressão para que seja reapresentada no Parlamento uma moção que permitiria a presença das tropas norte-americanas no país, disse Dengir Mir Mehmet Firat, vice-presidente do Partido da Justiça e do Desenvolvimento, no governo. Ozkok afirmou que os militares respeitam a decisão tomada pelo Parlamento no sábado, quando foi rejeitada a moção que permitiria a entrada dos soldados norte-americanos, mas sublinhou que se os EUA puderem abrir uma frente setentrional contra o Iraque, a guerra será mais curta, haverá menos vítimas e o apoio de Washington ajudaria a Turquia no caso de problemas econômicos. A declaração de Ozkok certamente colocará mais pressão sobre os legisladores para reconsiderarem sua rejeição da moção. Muitos parlamentares disseram ter votado contra a medida devido a pesquisas segundo as quais 94% dos turcos são contra a guerra. As Forças Armadas turcas são de longe a mais respeitada instituição no país, e suas posições têm grande peso entre o público. O presidente do partido governista, Recep Tayyip Erdogan, havia indicado na terça-feira que planejava reapresentar a moção sobre as tropas ao Parlamento e pressionaria por sua aprovação. Membros do partido acreditam que a moção será novamente submetida em duas ou três semanas. "A situação está mudando rapidamente", opinou Firat. "Muitos legisladores estão dizendo que vão votar a favor, se a moção retornar ao Parlamento." Ozkok explicou que "a visão das Forças Armadas turcas é a mesma do governo. A guerra deve ser mais curta, deve haver menos dor... menos pessoas vão morrer". "A Turquia não tem por si só capacidade de evitar uma guerra... nossa escolha é entre o mau e o pior", lamentou Ozkok. O comandante informou que a Turquia recebeu garantias dos EUA sobre segurança e preocupações econômicas do país, acrescentando sua expectativa de que a questão seja resolvida nos próximos dias. Ozkok explicou que os militares não expressaram sua posição publicamente antes a fim de não influenciar o Parlamento. "Se tivéssemos expressado nossa visão, seria o equivalente a pressionar o Parlamento para a aprovação da resolução. Não teria sido democrático", disse. Os EUA têm oferecido um pacote de ajuda de US$ 15 bilhões à Turquia, no caso de o Parlamento aprovar a entrada de 62.000 combatentes. Os militares são extremamente poderosos e influentes na Turquia. Oficiais já promoveram três golpes de Estado desde 1960. A Turquia tem planos de enviar tropas para o norte iraquiano se houver uma guerra, a fim de garantir a estabilidade da região. A Turquia teme que uma guerra possa levar à desintegração do Iraque, e que curdos iraquianos declarem um Estado independente no norte. Isso poderia influenciar a população curda da Turquia. Ozkok fez uma dura advertência aos líderes curdos iraquianos, que têm dito que se tropas turcas entrarem no Iraque, eles irão atacá-las. "Lembro aos líderes curdos iraquianos de nosso direito de defender nossos interesses nacionais e espero que eles ajam de maneira ponderada e cooperativa", afirmou Ozkok. "Aqueles que querem substituir a paz pelo conflito vão carregar as conseqüências e responsabilidades".

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