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Chefe dos inspetores está satisfeito com 1ª reunião no Iraque

Por Agencia Estado
Atualização:

O chefe dos inspetores da ONU de armas de destruição em massa, o sueco Hans Blix, mostrou-se satisfeito hoje, em Viena, após reunir-se pela primeira vez com representantes iraquianos para definir os aspectos práticos da retomada do trabalho de verificação do arsenal do país. Indagado sobre o nível de cooperação do Iraque, Blix não entrou em detalhes. "Nós falamos em conversações, e eles estão cooperando ao conversar conosco", afirmou, qualificando a equipe iraquiana de "bem informada". Ele disse que reiniciará as inspeções por volta de meados de outubro. O diálogo termina amanhã e Blix levará as conclusões ao Conselho de Segurança na quinta-feira. Diplomatas em Viena disseram que o encontro ainda não abriu a porta para o regresso dos inspetores a Bagdá, mas fincou as bases da cooperação. Segundo uma fonte iraquiana ouvida pela emissora de TV a cabo CNN, o Iraque está disposto a colaborar com uma nova resolução de "compromisso" da ONU. No entanto, no sábado o país rejeitou enfaticamente um esboço de proposta dos EUA ao Conselho de Segurança, segundo o qual seria dado sete dias de ultimato para Bagdá acatar os termos de novas inspeções, entre outras exigências. Um diplomata do conselho disse que os EUA e Grã-Bretanha planejam apresentar a nova resolução depois de amanhã ou, no máximo, quinta-feira. Curiosamente, a Casa Branca deu a entender hoje que o país pode propor "mais de uma" resolução detalhando as conseqüências do não cumprimento das determinações do Conselho. Até então, o governo americano só mencionava um texto forte. A França, contrária à aprovação de um texto ameaçando com intervenção militar, sugeriu na semana passada a aprovação de duas resoluções, em etapas - a primeira, definindo as obrigações do Iraque. A segunda, se necessário, ameaçando com "sérias conseqüências". "Não podemos aceitar uma resolução que autorize imediatamente o uso da força", disse o chanceler francês, Dominique Villepin. "Não queremos dar um cheque em branco para ação militar." Blair Na Grã-Bretanha, o primeiro-ministro Tony Blair foi duramente criticado durante a convenção anual de seu partido, o Trabalhista, na cidade de Blackpool. Uma moção da ala esquerdista, contrária a uma guerra, foi derrotada por pequena margem (60% a 40%). Em entrevista à emissora BBC, Blair se mostrou evasivo sobre a possibilidade de o país participar com os EUA de um ataque sem o aval da ONU. O presidente dos EUA, George W. bush, reúne-se amanhã com os líderes do Congresso americano para tentar obter um compromisso de aprovação de uma resolução autorizando-o a usar a força contra o Iraque antes de sábado, quando começa o recesso pré-eleitoral do Legislativo. Estados Unidos e Iraque prosseguiam hoje seus esforços diplomáticos em busca de apoio. O vice-primeiro-ministro iraquiano, Tareq Aziz, e a subsecretária americana para Assuntos Europeus, Elizabeth Jones, chegaram hoje a Ancara para conversações com dirigentes locais. "Essas ameaças (de deposição de Saddam) não se dirigem apenas ao Iraque, mas a toda a região, especialmente à Turquia", argumentou Aziz. "Acho que estamos obtendo progresso, mas ainda temos uma porção de trabalho pela frente", disse o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei. O grupo de inspetores da ONU deixou Bagdá em dezembro de 1998, depois de ter seu trabalho bloqueado seguidamente pelas autoridades locais. A reunião de hoje se concentrou em questões como acomodação, segurança e infra-estrutura de comunicação para os verificadores do arsenal, retirada de amostras para análises fora do país, etc. Blix insistiu no direito de sua equipe ter liberdade absoluta de movimento pelas instalações iraquianas, incluindo os palácios presidenciais e outros locais suspeitos. As resoluções anteriores do Conselho não incluem os palácios e o Iraque se opõe à ampliação dos termos das inspeções. "Estamos tratando de restituir até onde seja possível a idéia de qualquer momento, qualquer lugar", disse El-Baradei.

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