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Chefe militar do Paquistão chama chanceler de separatista

Atualização:

O chefe das forças armadas paquistanesas está furioso com o primeiro-ministro pelas sua declarações criticando as forças armadas e exigiu que elas sejam esclarecidas ou retiradas, disse à Reuters, neste sábado, uma fonte militar de alta patente.

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A tensão recente suscitou temores em relação à estabilidade do país, que possui armas nucleares e expôs uma desavença entre o governo e os militares, que já depuseram três governos civis desde a independência do país, em 1947, e que governou o país durante mais de metade da sua história.

"O chefe das forças armadas reclamou ao presidente sobre as declarações do primeiro-ministro", disse a fonte à Reuters. "Ele disse que tais declarações eram separatistas e tornavam o país mais vulnerável."

O primeiro-ministro Yusuf Raza Gilani criticou o chefe das forças armadas, General Asfaq Kayani e o diretor geral da agência do serviço de inteligência Inter-Services, tenente-general Ahmed Shuja Pasha por terem entrado na justiça com um caso que envolve um memorando misterioso que colocou os militares contra o governo civil.

Numa entrevista com a mídia chinesa, Gilani disse que isso era "inconstitucional," enfurecendo o alto comando militar que emitiu uma austera comunicado à imprensa.

"Isso tem implicações muito sérias, com consequências potencialmente graves para o país."

Gilani enfureceu mais ainda as forças armadas, na quarta-feira, ao demitir o secretário de defesa, o tenente-general Naeem Khalid Lodhi, por "comportamento impróprio e ação ilegal que criou um mal-entendido"", entre as instituições.

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Lodhi era o mais alto funcionário civil responsável pelos assuntos militares, um cargo normalmente visto como o principal defensor dos militares na burocracia civil.

"Declarações reconciliadoras são proforma, a declaração exigida é o ponto principal. As forças armadas não vão fazer nada diretamente, elas vão esperar que a Suprema Corte determine as regras e vão apoiá-las completamente."

As forças armadas, que estabelecem a política externa e de segurança, atraíram raras críticas da população depois que as forças especiais dos EUA mataram o líder da al Qaeda, Osama bin Laden, em solo paquistanês, durante uma operação em maio de 2012. Uma ação vista por muitos paquistaneses como uma violação da soberania.

Os paquistaneses se uniram aos militares depois que um ataque aéreo do OTAN matou 26 soldados paquistaneses, na fronteira com o Afeganistão, no dia 26 de novembro, fazendo com que suas relações com Washington chegassem ao ponto mais crítico em anos.

(Por Quasim Nauman e Chris Allbritton)

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