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Chegamos ao ponto de acreditar ou não na Casa Branca

Série de revelações da imprensa e desmentidos do governo leva a dúvidas

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Por Redação
Atualização:

Dez dias atrás, a presidência de Donald Trump estava em águas calmas. Ele conseguiu aprovar na Câmara uma lei sobre o sistema de saúde e passou o final de semana em sua propriedade em New Jersey.

Depois disso, o dilúvio: o testemunho da procuradora-geral interina Sally Yates no Capitólio, a demissão do diretor do FBI, James Comey, o encontro com o chanceler da Rússia, a revelação de que a demissão de Comey foi provocada em parte pela investigação sobre a Rússia, a ameaça de divulgar fitas sobre suas conversas com Comey e, na segunda-feira, a revelação do Washington Post de que Trump compartilhou informações secretas com os russos.

O presidente dos EUA, Donald Trump, parece mostrar um respeito diferenciado para alguns líderes autoritários, dos quais tem se cercado desde que chegou à liderança da Casa Branca. Aparentemente, o mandatário não deixaque as preocupações com direitos humanos, um pilar tradicional da política externa americana, dificultem essas relações Foto: AFP PHOTO / SAUL LOEB

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A terça-feira trouxe outra surpresa: uma reportagem do New York Times sobre conversas entre Comey e o presidente na qual Trump lhe pede que encerre as investigações sobre seu ex-assessor de Segurança Nacional Michael Flynn. Segundo o NYT, Comey detalhou a conversa de 14 de fevereiro em um memorando que ele repassou a funcionários de alto escalão do FBI, mas não o revelou publicamente, pois não queria influenciar a investigação.

Parece que o fluxo de informações dos últimos dez dias chegou a um ponto em que nunca havíamos chegado, forçando a uma escolha entre as palavras da Casa Branca e as palavras de uma terceira pessoa. A história do Post sobre a revelação de material confidencial chegou perto, mas as estudadas respostas do governo na segunda-feira não constituem uma robusta negação da história do Post. A resposta sobre a reportagem do Times foi explícita. A Casa Branca disse que a reportagem sobre o memorando de Comey “não é verdadeira ou acurada”.

Isso força o público americano a decidir: Em quem você acredita, Trump ou Comey? Ou, em uma camada de abstração que complicará ainda mais as coisas, na Casa Branca ou na reportagem do Times (ou outras, incluindo a do Post)? A seguir, uma lista de evidências que respaldam a ideia de que Trump pressionou Comey a parar com a investigação sobre Flynn.

• Após o testemunho de Yates, oito dias atrás, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, foi questionado sobre por que Trump continuou defendendo Flynn, apesar de ter pedido que renunciasse por aparentemente ter mentido ao vice-presidente. Spicer insistiu que o presidente não queria “manchar a imagem” de Flynn, que “é um bom homem” (Segundo o memorando de Comey, Trump disse que Flynn era “um bom rapaz”.)

• Trump disse a Lester Holt, da NBC, que estava pensando na investigação sobre a Rússia quando decidiu demitir Comey, ao contrário do que sua equipe dizia. 

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• O jantar com Comey, no qual Trump admitiu ter perguntado ao diretor do FBI se estava sendo investigado, ocorreu um dia após Yates ter informado à Casa Branca que as ações de Flynn eram conflitantes com o que o vice-presidente Pence tinha dito – uma conversa que revelou que o FBI estava investigando Flynn.

O fato de que Trump repetidamente insistiu que qualquer investigação sobre a Rússia era suspeita, torna crível que ele tenha tentado convencer Comey sobre a investigação de Flynn. Mas temos visto que em disputas entre Trump e outras pessoas ele geralmente se sai vitorioso. Pelo menos com a base de apoio com a qual ele contou em seu breve período na política – uma base que constitui uma grande fatia do eleitorado republicano que evita críticas a Trump. É COLUNISTA