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Cheney diz que perdeu poder no fim da era Bush

Ex-vice contará em livro como ficou menos influente na Casa Branca

Por Gustavo Chacra e NOVA YORK
Atualização:

A relação do ex-presidente George W. Bush com seu vice, Dick Cheney, deteriorou-se no fim dos oito anos de governo republicano em Washington. Tido como uma eminência parda, Cheney teria sentido que sua influência sobre seu superior na Casa Branca foi diminuindo progressivamente durante o segundo mandato. A análise é do próprio ex-vice-presidente que deve lançar, em breve, um livro de memórias relatando seus tempos no poder. O ápice do estremecimento na relação entre os dois ocorreu pouco antes de Bush entregar a presidência a Barack Obama, em janeiro. Cheney usou toda sua força para tentar convencer Bush, sem sucesso, a perdoar seu chefe de gabinete, Lewis "Scooter" Libby, condenado em 2007 por obstruir uma investigação sobre o vazamento do nome da agente da CIA Valerie Plame. Segundo a revista Time, Cheney disse que não queria que o governo terminasse com antigos integrantes "abandonados no campo de batalha". Na sua visão, Libby fizera de tudo para defender o governo e merecia o perdão presidencial, mas Bush não concordou. Segundo um participante de uma reunião recente com Cheney, citado pelo Washington Post, na avaliação do vice, Bush estaria mais suscetível a pressões da opinião pública, buscando uma atitude mais conciliatória no fim de seu mandato. Já ele discordava dessa posição, defendendo que o governo não deveria nunca pedir desculpas ou se explicar. Muitos críticos do governo Bush tratam o ex-presidente como um ingênuo nas mãos de Cheney, sempre considerado o arquiteto de ações impopulares, como a invasão do Iraque em 2003. No primeiro mandato, realmente Cheney era poderoso e entrou em choque com o ex-secretário de Estado Colin Powell. Já no fim de seu governo, Bush optou por políticas contrárias às posições de Cheney, proibindo métodos de interrogatório descritos como tortura e fechando prisões secretas da CIA.

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