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Chile vive noite de violência no 33º aniversário do golpe

Foi o segundo dia de protestos contra o golpe que derrubou Salvador Allende e instaurou a ditadura do general Augusto Pinochet

Por Agencia Estado
Atualização:

A noite de segunda-feira (11), data do 33º aniversário do golpe de Estado que derrubou o presidente Salvador Allende e instaurou a ditadura do general Augusto Pinochet, foi marcada por distúrbios e confrontos entre manifestantes e forças policiais no Chile, que deixaram um saldo de 98 detidos. Os incidentes acontecem em Villa Francia, no oeste da capital, um dos setores mais combativos durante a ditadura militar (1973-1990), e no município de Peñalolén, no leste, segundo emissoras de rádio e TV. Os manifestantes acenderam fogueiras e montaram barricadas para impedir a passagem de veículos. Também lançaram correntes nos cabos elétricos para provocar blecautes. Forças especiais de Carabineiros (Polícia Militar) se deslocaram aos dois locais. Antes, nas imediações da Universidade de Santiago, no centro da capital, houve confrontos de estudantes e encapuzados com a polícia, que deteve 98 pessoas. Os manifestantes levantaram barricadas e enfrentaram com pedras as forças especiais de Carabineiros, que reprimiram o protesto com jatos de água e gases lacrimogêneos. As manifestações começaram momentos após o término da cerimônia de inauguração de um memorial que lembra 62 pessoas ligadas à universidade que morreram durante a ditadura. Também na segunda-feira, as forças de Carabineiros dissolveram no centro de Santiago uma manifestação não autorizada convocada pelo esquerdista Movimento Patriótico Manuel Rodríguez (MPMR). Os manifestantes haviam ocupado a Alameda Bernardo O´Higgins, a principal avenida de Santiago, interrompendo o tráfego de veículos. Enquanto isso, no Estádio Chile - atualmente Estádio Víctor Jara - e no Estádio Nacional, ex-centros de reclusão e tortura após o golpe de Estado, dezenas de parentes das vítimas realizavam uma vigília. Os dois estádios foram iluminados por centenas de velas acesas por vítimas do regime militar e seus parentes, numa homenagem silenciosa. La Moneda No palácio presidencial de La Moneda, uma cerimônia religiosa lembrou os mortos de 11 de setembro de 1973. O Partido Socialista e outros grupos políticos homenagearam Salvador Allende diante do monumento em sua memória, em frente à sede do governo chileno. Após a cerimônia, a presidente Michelle Bachelet afirmou que "este novo 11 de setembro leva à lembrança e a uma reflexão sobre o que aconteceu há 33 anos". Bachelet condenou o atentado de domingo contra o palácio de governo. "Os símbolos pátrios, como a bandeira e La Moneda, são símbolos também da democracia, e pertencem a todos os cidadãos", disse. "La Moneda é o símbolo da luta de muitos de nós para recuperar a democracia", enfatizou, acrescentando que "ver La Moneda em chamas como há 33 anos" é algo que não deve acontecer de novo. "Não foi para isso que nossa gente deu a sua vida". As manifestações de segunda-feira foram precedidas, no domingo, por um grande manifestação organizada pela Assembléia Nacional de Direitos Humanos. A manifestação terminou em distúrbios isolados, que se prolongaram pela madrugada em diferentes bairros de Santiago. Ao longo do dia 72 pessoas foram detidas, cinco carabineiros ficaram feridos e 25 lojas sofreram danos.

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