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China acusa Bo Xilai de múltiplos crimes antes de transição

Por CHRIS BUCKLEY E BEN BLANCHARD
Atualização:

O Partido Comunista da China acusou nesta sexta-feira seu ex-dirigente Bo Xilai de abuso de poder, corrupção ativa e outros crimes, abrindo uma nova fase num escândalo de assassinato e acobertamento que já abalou a sucessão política chinesa prevista para começar num congresso partidário em 8 de novembro. Bo será submetido agora a uma investigação criminal, segundo a imprensa estatal. Gu Kailai, esposa de Bo, e um ex-policial que era subordinado a ele já foram condenados a penas de prisão por causa do assassinato do empresário britânico Neil Heywood na cidade de Chongqing (sudoeste), onde Bo era chefe do Partido Comunista. Em nota oficial divulgada pela agência de notícias Xinhua, autoridades disseram que, durante o escândalo do homicídio de Heywood, Bo "abusou dos poderes do seu cargo, cometeu erros sérios e arca com grande responsabilidade". "As ações de Bo criaram graves repercussões, e abalaram enormemente a reputação do partido e do Estado", disse a nota. Bo já havia sido expulso do partido e de suas instâncias decisórias --o Politburo e o Comitê Central-- "em vista dos erros e da culpabilidade no incidente de Wang Lijun e no processo de homicídio doloso envolvendo Bogu Kailai". Bogu é o sobrenome oficial da esposa de Bo, mas ela raramente o usa. A nota na Xinhua diz que Bo vinha cometendo "graves violações da disciplina partidária" desde a época em que trabalhou em Dalian e Liaoning e foi ministro do Comércio. Bo, de 63 anos, era visto como uma estrela em ascensão na hierarquia comunista, e era cotado para assumir cargos mais elevados no congresso comunista deste ano. Ele começou a cair em desgraça quando seu ex-chefe de polícia Wang Lijun se refugiou num consulado dos EUA, em fevereiro, e acusou Gu de ter envenenado Heywood por causa de divergências empresariais. A nota disse também que Bo "teve ou manteve relações sexuais impróprias com múltiplas mulheres", e que a investigação também apontou pistas de outros crimes, não especificados. Também nesta sexta, a Xinhua informou, citando decisão tomada em uma reunião do Politburo, que o congresso para apontar a nova geração de líderes do país acontecerá a partir do dia 8 de novembro. No 18o Congresso do Partido, o presidente Hu Jintao, o premiê Wen Jiabao e outros líderes de longa data irão ceder seus principais cargos, abrindo caminho para novos líderes que provavelmente serão liderados pelo atual vice-presidente Xi Jinping, que é praticamente certo como substituto de Hu no cargo de presidente. A transferência de cargos será formalizada na reunião anual do Parlamento, provavelmente em março do ano que vem, quando Xi será provavelmente nomeado como presidente e Li Keqiang nomeado como o novo primeiro-ministro.

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