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China alega morte de civis e pede fim do ataque na Líbia

Por GABRIEL BUENO
Atualização:

O governo da China acusou hoje o Ocidente de matar civis na Líbia por meio dos ataques aéreos autorizados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pediu um cessar-fogo imediato no país do norte da África. "O propósito da resolução do Conselho de Segurança (CS) da ONU é proteger a segurança dos civis, mas as ações militares tomadas por certos países relevantes estão causando mortes civis", disse Jiang Yu, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. "Nós nos opomos ao uso da força, que poderia resultar em mais mortes civis e em uma maior crise humanitária."Os ataques aéreos na Líbia começaram no sábado e já foram conduzidos por Estados Unidos, Reino Unido e França. A intenção dessas ações é garantir o cumprimento de uma resolução aprovada pelo Conselho de Segurança, que prevê ações militares e uma zona de exclusão aérea na Líbia para proteger rebeldes e civis das forças do governante líbio, Muamar Kadafi. A administração líbia afirmou que os ataques mataram civis inocentes. O Pentágono, porém, negou a afirmação, dizendo que não há indicação de mortes civis, mas confirmando que dezenas de combatentes do regime foram mortos.A China e a Rússia foram as vozes mais importantes que se opuseram à ação militar na Líbia, entre os 15 membros do Conselho de Segurança. Porém as duas nações não usaram seu poder de veto, prerrogativa dos membros permanentes, para barrar a resolução, preferindo se abster. O Brasil, membro temporário do Conselho de Segurança, também se absteve.A imprensa estatal chinesa demonstrou forte oposição à operação militar, dizendo que ela iria resultar em mais conflitos na Líbia e em uma prolongada guerra civil. "A experiência histórica mostra que a chamada intervenção humanitária torna-se um pretexto para interferência militar nos assuntos políticos de outra nação", afirma o importante Diário do Povo, em um texto opinativo. "Ela é usada em nome da globalização, mas, na verdade, se origina em interesses políticos e econômicos mesquinhos ou mesmo simplesmente porque eles não gostam de um certo líder."A China, frequentemente criticada no exterior por desrespeitar os direitos humanos e pelo modo como trata suas minorias, se opõe geralmente a intervenções em outros países. Porém Pequim se rendeu à pressão internacional em alguns episódios na ONU, como ao aprovar sanções contra o Irã por seu controverso programa nuclear.TurquiaHoje, a Turquia descartou participar de uma missão de combate na Líbia, mas informou que pode se envolver na operação humanitária. "É impossível para nós pensar que nossos combatentes lancem bombas sobre o povo líbio", disse o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan ao jornal Hurriyet. "Nós não queremos que a Líbia se torne um segundo Iraque", advertiu ele. "Uma civilização entrou em colapso em oito anos (de invasão) no Iraque. Mais de um milhão de pessoas foram mortas ali."A União Europeia (UE) confirmou, em decisão publicada hoje em seu diário oficial, o congelamento de bens de mais 11 funcionários líbios, incluindo oito ministros e o primeiro-ministro do regime. O congelamento de ativos abrange mais nove entidades, incluindo o Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social da Líbia e a Companhia de Investimento Africano Árabe Líbia, além de uma fundação de caridade internacional de Kadafi e três bancos comerciais. Com a publicação, passa a valer a decisão tomada ontem por chanceleres do bloco europeu. As informações são da Dow Jones.

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