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China anuncia acordo sobre avião espião; EUA negam

Por Agencia Estado
Atualização:

A China anunciou hoje que os Estados Unidos podem levar de volta seu avariado avião espião da Marinha - mas em pedaços. Autoridades americanas, entretanto, disseram que ainda não houve um acordo sobre o retorno do aparelho. O porta-voz do Ministério do Exterior chinês disse que os dois lados estavam discutindo detalhes e a data para o retorno do avião, retido numa base aérea na ilha sulista de Hainan desde que fora obrigado a fazer um pouso de emergência depois de uma colisão em 1º de abril com um caça da China. Zhu Bangzao afirmou que entre outras coisas discutia-se se os pedaços do aparelho de US$ 80 milhões seriam levados de avião cargueiro ou navio. Em Washington, uma autoridade do governo disse hoje que ainda não havia acordo sobre como o EP-3E Aries II retornaria e que a administração Bush estava intrigada com o anúncio da China. A autoridade, que pediu para não ser identificada, afirmou que dias atrás negociadores dos EUA propuseram com relutância - como uma alternativa à reparação do aparelho a fim de ele sair voando da ilha - retirar suas asas e sua cauda e embarcá-las num avião cargueiro fretado. Os chineses replicaram que isto não era possível porque o campo de pouso de Hainan não comportava tal grande avião de carga. A China quer que o EP-3E seja cortado em pequenos pedaços, o que os Estados Unidos não aceitam porque significaria que ele não poderia ser remontado e voltar a ser operacional. Técnicos visitantes dos EUA que examinaram o aparelho avaliaram que ele pode ser reparado. Mas a China reiterou várias vezes que não permitirá que ele volte voando para os Estados Unidos. "Não concordamos que esse avião saia voando da China. Isto é impossível", disse Zhu a repórteres. A colisão, que matou o piloto do caça chinês, afundou as relações entre os Estados Unidos e a China para seu nível mais baixo desde que a Otan bombardeou a embaixada chinesa na Iugoslávia em 1999 durante a guerra aérea por Kosovo. Os 24 tripulantes do EP-3E ficaram retidos por 11 dias enquanto a China exigia que os EUA pedissem desculpas pelo incidente. A colisão foi um dos vários incidentes recentes que criaram tensão entre os dois países. Mais recentemente, o presidente George W. Bush reuniu-se na quarta-feira com o dalai-lama, o líder exilado do Tibete, apesar dos protestos de Pequim. Dois dias antes, o presidente de Taiwan visitou Nova York, apesar das objeções chinesas. A China considera o dalai-lama como um partidário da independência da região himalaia. Pequim também se opõe a que outros países tenham contatos diplomáticos com Taiwan. A China afirma que a ilha é parte de seu território, e tem ameaçado retomá-lo a força se necessário. Zhu criticou hoje a administração Bush por "quebrar seu comprometimento" de não ter contatos diplomáticos com Taiwan. "A nova administração dos EUA voltou atrás em suas palavras" disse Zhu. Ele citou a decisão de Bush no mês passado de vender submarinos, destróieres e aviões para Taiwan. "Isto constitui obstrução à reunificação pacífica da China e é também uma provocação ao povo chinês", afirmou Zhu. Ele disse que a China deseja ver as relações melhorarem, mas apenas se Washington parar de "interferir nos assuntos internos chineses".

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