China aumentará este ano em 10,7% gastos com defesa

Porta-voz do Congresso Nacional do Povo cita 'lição do bullying' para justificar aumento no orçamento militar

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Por CLÁUDIA TREVISAN , CORRESPONDENTE e PEQUIM
Atualização:

A China vai aumentar seus gastos militares neste ano em 10,7%, para US$ 115,7 bilhões, o maior orçamento do mundo depois dos Estados Unidos. Representante do governo justificou ontem a elevação com o argumento de que o país foi "submetido à dura lição do bullying" no passado, em razão de fragilidades de seu sistema de defesa nacional. "As memórias históricas do povo chinês em relação a esse problema são profundas", afirmou em entrevista coletiva Fu Ying, porta-voz do Congresso Nacional do Povo, cujo encontro anual foi aberto hoje em Pequim.A aprovação do orçamento militar será uma das tarefas dos 2.987 representantes que se reunirão na capital chinesa pelos próximos 12 dias. A modernização do Exército de Libertação Popular é um dos principais objetivos do Partido Comunista, que expandiu os investimentos em defesa a taxas anuais de dois dígitos na maior parte das últimas duas décadas. Apesar da constante elevação, os gastos militares chineses ainda representam cerca de um quinto dos realizados pelos americanos. O Congresso Nacional do Povo ocorre em meio ao agravamento de disputas territoriais da China com seus vizinhos, em especial o Japão. Em resposta a uma pergunta da agência de notícias japonesa Kyodo, Fu Ying ressaltou que a China responderá de maneira "resoluta" a "provocações" de outros países. Segundo ela, a decisão de Tóquio de nacionalizar as ilhas Diaoyu/Senkaku contraria o "consenso" alcançado pelos dois países quando restabeleceram as relações diplomáticas, em 1972. O território é reivindicado tanto pelo Japão quanto pela China, mas está formalmente sob controle japonês.Fu Ying observou que a área foi "tomada" pelo Japão em 1895, quando a China perdeu a 1.ª Guerra Sino-Japonesa, um dos confrontos a que se referia quando falou em bullying. Depois da derrota de Tóquio na 2.ª Guerra - à qual Fu Ying se referiu como Guerra Antifascista -, as ilhas deveriam ter sido devolvidas à China, sustentou.O Congresso Nacional do Povo vai concluir a transição de poder iniciada pelo Partido Comunista em novembro, nomeando Xi Jinping para o cargo de presidente e Li Keqiang para o de primeiro-ministro. Também serão aprovados os nomes de vice-presidentes, vice-primeiro-ministros, ministros, e dirigentes do banco central e órgãos reguladores.Wen Jiabao apresentou na manhã de hoje (horário de Pequim) seu último relatório sobre o governo na condição de primeiro-ministro - a versão chinesa do Estado da União americano. Nele, anunciou que a meta de crescimento de 2013 será de 7,5%, a mesma apresentada no ano passado.

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