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China colhe DNA e biometria de minoria muçulmana em Xinjiang

Disfarçado de programa de saúde, projeto é usado para mapear possíveis radicais islâmicos

Atualização:

A ONG Human Rights Watch divulgou um relatório nesta quarta-feira, 13, no qual acusa o governo chinês de colher amostras de DNA e dados biométricos da minoria muçulmana uigur, que vive na província ocidental de Xinjiang, como medida de segurança. Segundo a entidade, a política chinesa consiste numa grave violação de direitos humanos. 

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A província de Xinjiang tem sido palco há vários anos de confrontos entre a minoria uigur e a etnia majoritária han, com a ação, segundo Pequim, de grupos radicais islâmicos. A onda de violência levou à criação de um duro aparato de repressão na província, que inclui patrulhas em larga escala da polícia e restrição à manifestação religiosa e cultural.

O presidente da China, Xi Jinping Foto: EFE/ Anthony Wallace

Agora, a polícia é responsável por colher impressões digitais, fotos, endereços e até mesmos registros de íris da populações. Médicos locais colhem amostras de DNA e tipo sanguíneo como parte de um programa de saúde básico. Os dados, no entanto, são usados para monitoramente de atividades subversivas. 

“O cadastramento obrigatório de dados biológicos de uma população inteira é uma violação grosseira de regras internacionais de direitos humanos e é ainda mais perturbador que isso seja feito sob o disfarce de um programa de saúde”, disse a diretora da Human Rights Watch para a China Sophie Richardson. 

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O governo regional de Xinjiang disse em julho que o objetivo do programa era colher dados biométricos da população entre 12 e 65 anos. “Tipos sanguíneos devem ser reportados às delegacias de polícia, assim como amostras de sangue e DNA”, diz o plano. Dados de “indivíduos prioritários” – um eufemismo para suspeitos de militância islâmica – eram colhidos a despeito de critérios etários. 

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Negativa

 O porta-voz da chancelaria chinesa, Lu Kang, disse que o relatório contém “inverdades”. O representante disse ainda que a situação geral em Xinjiang é “boa”. 

O relatório traz ainda depoimentos de residentes de Xinjiang sobre a coleta biométrica. Um deles, que não se identificou, disse que ele temia ser acusado de deslealdade política se não participasse. Ele nunca recebeu os dados coletados. 

A imprensa estatal chinesa, no entanto, diz que os cadastramentos eram voluntários. Segundo a agência Xinhua 18,8 milhões de pessoas receberam tratamento médico na região depois de participar da coleta de sangue e DNA. Xinjiang tem uma população de 10 milhões de muçulmanos.

Ainda no relatório da Human Rights Watch, um uigur do oeste de Xinjiang disse que a administração do vilarejo onde mora lhe obrigou a participar dos exames. No relatório, a ONG  ainda alertou para o risco de autoridades chinesas ampliar para todo o país o monitoramento com base em dados biométricos e biológicos. 

“As autoridades chinesas acreditam que podem alcançar a estabilidade social ao colocar as pessoas num microscópio, mas esses programas abusivos têm potencial para agravar a hostilidade com o governo”, disse Richardson. /REUTERS e EFE 

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