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China diz ser alvo de hackers

Ministro chinês reclama de roubo de segredos oficiais

Por Edward Cody
Atualização:

Pequim - Um alto funcionário chinês disse que serviços secretos estrangeiros invadiram computadores do governo da China para descobrir segredos políticos, militares e científicos. A acusação, feita pelo vice-ministro da Indústria da Informação, Lou Qinjian, foi uma resposta às notícias de que hackers chineses invadiram computadores em vários países do Ocidente. Lou, escrevendo para uma revista do Partido Comunista, não revelou quais países teriam realizado a espionagem contra o governo chinês. Ele disse, porém, que 80% dos computadores invasores estão nos EUA. Surpreendentemente, Lou admitiu que a espionagem eletrônica contra a China obteve sucesso. De acordo com ele, ela deveria ser combatida pelo presidente Hu Jintao com maiores investimentos em segurança de computadores. "Nos últimos anos, muitos órgãos do partido e do governo tiveram casos de roubo e de vazamento de segredos", disse. Até agora, o Ministério das Relações Exteriores da China negou qualquer envolvimento com atividades de hackers e disse que a China jamais recorreria a semelhantes táticas. Entretanto, especialistas lembram que o Exército de Libertação do Povo possui um programa ativo de guerra cibernética como parte de seu esforço para criar uma força de combate moderna capaz de proteger seus próprios sistemas de informação. Os hackers, que já atacaram Washington, Londres e Berlim - e agora em Pequim - foram descritos como criminosos que tentaram infiltrar-se em computadores governamentais para obter segredos. Com isso, ela parece se enquadrar mais claramente no âmbito da espionagem. Quando indagada se tocou no assunto durante as conversas que teve com líderes chineses em Pequim, no fim do mês passado, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que é preciso que todos respeitem as regras do jogo. Lou, por sua vez, afirmou que a China deve tratar a informação extraída de computadores como uma ameaça a sua segurança. Ele disse que os EUA e outros países ocidentais usam tecnologia avançada "para criar uma hegemonia da informação" e transmitir notícias desfavoráveis da China, aumentando o risco de instabilidade social no país. Segundo ele, esses países fizeram da internet um canal importante para infiltrar-se na política chinesa. "Com certa freqüência, eles divulgam informações negativas e exageram coisas." Como exemplos, Lou listou sites feitos pela Falun Gong, movimento religioso proibido na China, e outros "mil relatos negativos" sobre a Olimpíada de Pequim, em 2008.

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