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China e Índia reabrirão fronteira após 44 anos

Desde a guerra em 1962, essa é a primeira vez que a fronteiriça de Nathu será aberta para trocas comerciais entre os dois países

Por Agencia Estado
Atualização:

A China e a Índia decidiram reabrir a passagem fronteiriça de Nathu ao comércio no dia 6 de julho, na primeira abertura para trocas comerciais entre os dois países desde a guerra travada em 1962, segundo a agência "Xinhua". Representantes dos Governos dos dois países se reuniram no fim de semana em Lhasa, capital da região autônoma chinesa do Tibet (sudoeste), e assinaram no domingo um documento que fixa a data da histórica abertura. A passagem de Nathu está a 4.545 metros acima do nível do mar, a 460 quilômetros de Lhasa e a 550 de Calcutá, e era, antes do conflito, um importante ponto para o comércio bilateral. O lado indiano da passagem fronteiriça está no estado de Sikkim, norte do país, uma das regiões que geraram divergências entre os dois gigantes asiáticos nos últimos anos. Embora Sikkim faça parte da Índia há décadas, a China tentou exercer sua influência sobre o estado, ao reconhecê-lo como independente. Sikkim aparece na maior parte dos mapas chineses, apesar de os países terem assinado recentemente um acordo pelo qual Pequim reconhecia a soberania indiana na região. Sikkim, situado entre o Nepal e o Butão, tem uma grande população budista, com laços familiares com os tibetanos, e Pequim durante décadas quis usar o território como uma área de separação da Índia, país com que a China mantém diversas disputas territoriais. Desde o início do século 20, 80% do comércio entre Índia e China passava por Nathu, mas a guerra travada pelos países há 44 anos levou ao fechamento da passagem, próxima à montanha de Kanchenjunga. "A reabertura do comércio fronteiriço ajudará a acabar com o isolamento econômico desta área e terá um papel fundamental no desenvolvimento da economia", ressaltou o vice-presidente da Região Autônoma do Tibet, Hao Peng. A secretária adjunta do Departamento de Comércio da Índia, Christy Fernandez, destacou que a reabertura é "um fato histórico, não somente para o aumento do comércio, mas também para que dois grandes países fortaleçam suas relações". A reabertura da passagem tinha sido decidida em 2004, e em 2005 os países começaram a construir instalações alfandegárias no distrito tibetano de Yandong (no lado chinês da fronteira). O comércio entre os dois países mais povoados do mundo chegou a US$ 18,73 bilhões em 2005, 37,5% a mais que em 2004. O principal meio de transporte usado nas transações é o navio, e muitos dos carregamentos passam pelo porto chinês de Tianjin, no norte. A China e a Índia mantêm disputas territoriais há mais de quatro décadas, e a de 1962 terminou com um armistício, mas sem um acordo sobre a delimitação exata das fronteiras, algo que vem sendo discutido pelas duas partes nos últimos anos, coincidindo com uma maior aproximação diplomática. Nova Délhi acusa Pequim de ocupar 38 mil quilômetros quadrados de território que pertence por direito à Índia, enquanto a China alega que o estado indiano de Arunachal Pradesh, de 90 mil quilômetros quadrados (ao leste do Butão), deve ter soberania chinesa. A fronteira de 3.500 quilômetros entre os dois países, no Himalaia, esteve praticamente fechada nas últimas décadas e foi motivo de acusações mútuas sobre incursões ilegais de soldados de um país ao outro.

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