
23 de novembro de 2010 | 19h26
Distribuídos por 13 países, restam apenas 3.200 tigres na vida selvagem - eram 100 mil há um século -, e eles estão ameaçados por caçadores que abastecem comerciantes na Índia e na China, onde alguns órgãos de tigres são usados em remédios tradicionais e considerados afrodisíacos.
"É importantíssimo poupar essa criatura maravilhosa e imperial - o tigre - para as futuras gerações", disse o anfitrião da "cúpula do tigre", o premiê Vladimir Putin, que ganhou um filhote do animal no seu 56o aniversário.
Essa foi a reunião de mais alto escalão já realizada no mundo para abordar a preservação de uma única espécie. Dmitry Peskov, porta-voz do governo russo, disse que a cúpula resultou num programa para duplicar o número de tigres selvagens nos próximos 12 anos.
Inicialmente, serão gastos 350 milhões de dólares em cinco anos, segundo coordenadores do Banco Mundial e da entidade WWF. Entre as medidas adotadas está a proibição de novas construções em locais de procriação dos tigres e colaboração multinacional no combate à caça, com ajuda da Interpol e da ONU.
"Eis uma espécie que está literalmente à beira da extinção", afirmou Jim Leape, diretor do WWF. "Se a atual tendência continuar, até 2022 restarão apenas remanescentes esparsos das populações."
O número de tigres na vida selvagem caiu 97 por cento na última década, e até quatro das nove subespécies de tigre desapareceram.
Um sinal do sucesso da cúpula é o lançamento de um consórcio para combater o contrabando de animais, disse John Sellar, chefe de fiscalização da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (Cites, na sigla em inglês).
"A chave é a fiscalização", disse ele à Reuters. "A situação agora é tão séria que se não tivermos fiscalização muito em breve o dinheiro que estamos gastando em outras áreas, pode-se dizer, está indo pela privada."
A Índia está no centro desse comércio, com o maior número de apreensões de órgãos de tigres, seguida pela China, onde praticamente tudo no tigre custa caríssimo. A pele chega a valer até 35 mil dólares, segundo o Havoscope, banco de dados com informações sobre o mercado negro.
(Reportagem adicional de Gleb Bryanski)
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.