China enterra aspiração de Hong Kong à democracia plena

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Pequim sepultou nesta segunda-feira as aspirações de Hong Kong a uma rápida transição para a democracia plena ao determinar que o território não poderá eleger seu líder pelo voto direto porque tal processo geraria instabilidade social e econômica. A Comissão Permanente do Congresso Nacional do Povo informou nesta segunda-feira que Hong Kong poderá alterar seus métodos eleitorais, mas isso terá de acontecer gradualmente e com aprovação de Pequim. Alguns analistas prevêem que o descontetamento público poderá resultar em manifestações de rua devido à frustração da população local por não conseguir eleger um sucessor para Tung Chee-hwa, o impopular governador de Hong Kong. A decisão da comissão descarta as exigências para que a população de Hong Kong escolha o sucessor de Tung em 2007 e, no ano seguinte, eleja plenamente um novo Parlamento. Atualmente, a população tem direito a escolher 30 dos 60 deputados de Hong Kong. A outra metade é escolhida por grupos de interesse compostos por empresários e banqueiros locais que tendem a se aliar à China. Os críticos denunciaram que a decisão da Comissão Permanente do Congresso Nacional do Povo - principal painel do Parlamento chinês - fere uma promessa de autonomia feita a Hong Kong. Segundo a Grã-Bretanha, a decisão contraria o acordo assinado pela China quando a ex-colônia britânica foi reintegrada ao território chinês, em 1997. O cônsul-geral dos Estados Unidos em Hong Kong, James Keith, qualificou a decisão como uma "erosão do alto grau de autonomia" prometido no acordo entre Grã-Bretanha e China. Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ricahrd Boucher, manifestou o descontentamento americano com a medida e disse que o governo de seu país está acompanhando de perto a situação "com o objetivo de apoiar a democracia". Parlamentares pró-democracia de Hong Kong realizaram um protesto antes de se retirarem de uma reunião na qual um funcionário da legislatura chinesa explicou a decisão. Em frente ao local da reunião, um pequeno grupo de estudantes queimou uma cópia da Lei Básica, nome da miniconstituição de Hong Kong. O subsecretário-geral da Comissão Permanente do Congresso Nacional do Povo, Qiao Xiaoyang, garantiu que Pequim levou em consideração as aspirações democráticas de Hong antes de emitir a decisão, que tem poder de lei. "Os governos liderados por pessoas que obedecem cegamente à opinião pública são irresponsáveis", disse Qiao a líderes empresariais, funcionários locais e diplomatas estrangeiros em uma sala de conferências em Hong Kong. Qiao admite que muitos em Hong Kong querem eleições diretas, mas disse ser necessário ter coragem para adotar uma medida que será melhor no longo prazo. A China considera que a democracia será uma conseqüência do atual processo e Hong Kong "não precisa ter pressa" para que ela chegue.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.