HONG KONG - A China sozinha executou mais prisioneiros no ano passado que o resto do mundo combinado, aponta um relatório da ONG de direitos humanos Anistia Internacional divulgado nesta terça-feira, 30. O grupo ainda exigiu que Pequim seja transparente com sua política de execuções.
A Anistia Internacional disse que houve "milhares" de execuções na China em 2009, embora não tenha precisado o número, já que o dado é considerado segredo de Estado. Segundo o relatório, nos outros 17 países onde houve execuções, 714 pessoas foram mortas, a maioria no Ira, no Iraque, na Arábia Saudita e nos EUA. Os métodos usados foram decapitação, enforcamento, o uso de cadeira elétrica, de injeção letal e de pelotões de fuzilamento.
Segundo o relatório da Anistia, a China havia executado 1,718 pessoas em 2008, quase três quartos das 2,390 execuções daquele ano. "As autoridades chineses dizem que estão deixando de executar. Se isso é verdade, por que não revelam quantas pessoas receberam a pena capital do Estado?", pergunta Claudio Cordone, secretário-geral interino da entidade.
Embora incompletos, os dados apresentados pela Anistia são tomados como referência pela comunidade internacional. O Departamento de Estado dos EUA, por exemplo, cita as informações da entidade em seus relatórios sobre direitos humanos.
O Irã foi o segundo país que mais executou, aplicando a pena máxima a 388 pessoas. Segundo o relatório, cerca de 30% dessas execuções ocorreram nas semanas seguintes aos conflitos pós-eleitorais de junho.
Na Europa, pela primeira vez desde que a Anistia contabiliza as execuções, não houve nenhum caso em 2009. A Bielo-Rússia é o único país europeu que ainda mantém a pena de morte em sua Constituição e há duas semanas executou dois homens.
Os EUA foram o único país das Américas a executar em 2009. A Anistia diz que 52 execuções foram realizadas nos últimos três anos, sendo 24 delas no Texas, um dos Estados americanos com a legislação mais rígida.
Além da China, outros sete países realizaram 26 execuções no ano passado - Bangladesh, Japão, Coreia do Norte, Malásia, Cingapura, Tailândia e Vietnã. As execuções na Tailândia foram as primeiras desde 2003 e ocorreram por injeção letal. Índia, Paquistão, Afeganistão e Indonésia não aplicaram a pena capital.
Na África, Botsuana e Sudão foram os únicos países sub-saarianos a entrar na lista. O Quênia ganhou destaque no relatório, já que revogou a pena de morte mais de 4 mil prisioneiros, o que foi considerada "a maior comutação de pena capital já conhecida".