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China exibe poderio naval, mas adota retórica de paz

Pequim realiza desfile de navios de guerra para celebrar 60.°aniversário da Marinha

Por Cláudia Trevisan
Atualização:

A China demonstrou ontem seu crescente poder naval com um longo desfile de embarcações de guerra, organizado para celebrar o 60º aniversário de sua Marinha. Na parada militar, a China exibiu ao mundo 56 navios, fragatas, destróieres, aviões para combate no mar e dois submarinos nucleares, apresentados em público pela primeira vez na história. O evento teve a participação de 14 países, entre eles os Estados Unidos, que enviaram 21 embarcações para a cidade litorânea da Qingdao, no nordeste chinês. O Brasil também marcou presença com o navio Garcia D?Ávila, que demorou dois meses para chegar à China e estava entre os navios que desfilaram diante do presidente chinês, Hu Jintao. Negligenciada depois das navegações realizadas pelo almirante Zheng He no século 15, a Marinha chinesa enfrentou algumas das maiores humilhações do antigo império perante potências estrangeiras, como a derrota na 1ª Guerra contra o Japão, em 1895. A recente emergência econômica da China levou à ampliação dos investimentos militares e a uma movimentação cada vez mais desenvolta do país no cenário internacional. No mês passado, embarcações chinesas perseguiram um navio americano que estava ao sul da costa da China. Pequim também enviou neste ano navios para a costa da Somália, com o objetivo de proteger suas embarcações comerciais de piratas que atuam na região. O país asiático deverá se transformar na maior potência comercial do mundo até 2010 e as rotas marítimas são fundamentais para escoar suas exportações e trazer suas importações. Cerca de 90% do comércio chinês com o restante do mundo é feito pelo mar, o que justifica os investimentos na expansão da frota da Marinha. DISCURSO AMISTOSO Hu Jintao, que participou do desfile a bordo do destroier Shijiazhuang, tentou dar um ar amigável à demonstração de força da China. "Tanto agora quanto no futuro, não importa em que medida nós nos desenvolvermos, a China nunca buscará a hegemonia", declarou, segundo a agência oficial de notícias Xinhua. O vice-comandante da Marinha manteve a mesma linha. "Suspeitas de que a China é uma ameaça à segurança mundial decorrem principalmente de uma falta de compreensão em relação ao país", afirmou afirmou Ding Yiping.

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