O Governo da China vai leiloar uma de suas linhas de trem, com 62 quilômetros e situada na província sulina de Cantão, decisão que deve significar a primeira ferrovia privada do país, informou nesta segunda-feira a agência oficial de notícias "Xinhua". O leilão da linha Chunluo foi anunciado em uma página de internet do Governo da cidade de Cantão, capital da província de mesmo nome. O nome da linha deriva das cidades unidas por ela, Yangchun e Luoding, situadas em uma das zonas menos desenvolvidas da rica província. Aparentemente, a venda da linha acontecerá porque o trajeto não é rentável para o Ministério de Ferrovias chinês, que espera obter no leilão dinheiro para investir em outros projetos na mesma região. Segundo seus administradores, a linha acumula dívidas de mais de US$ 100 milhões. Para poder participar do leilão é necessário demonstrar ativos registrados de, no mínimo, US$ 37,5 milhões, além de outros requisitos. O comprador não herdará a dívida da linha Chunluo, mas deverá comprometer-se a ajudar economicamente na construção de outra via alternativa, que ligará Luoding a Cenxi, em uma região vizinha. O Governo ainda não informou se empresas estrangeiras poderão participar do leilão. Mesmo assim, os organizadores asseguraram que "essa possibilidade ainda existe". A rede de ferrovias chinesa é totalmente estatal, mas conta com a colaboração privada e estrangeira em alguns projetos, como no caso do trem de levitação magnética de Xangai, o mais rápido do mundo, que utiliza tecnologia alemã da Siemens e da Thyssen-Krupp. Outro importante projeto ferroviário, o Trem ao Tibet, inaugurado no dia 1º de julho, teve a participação da fabricante de aviões canadense Bombardier, que desenvolveu os vagões da ferrovia, que resistem melhor à altitude e às baixas temperaturas. Além disso, uma empresa americana pretende negociar com o Governo chinês para colocar trens de luxo na linha que vai ao Tibet, criando um serviço de viagens turísticas no trajeto, um dos mais belos do país.