PUBLICIDADE

China limita a apenas três horas de jogos online por semana para menores de idade

As novas regras fazem parte de uma repressão governamental mais ampla às empresas de tecnologia no país

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Os reguladores da China anunciaram um novo conjunto de regulamentações mais rígidas sobre a indústria de jogos do país, incluindo a limitação do número de horas que os menores podem jogar.

As novas regras pretendem “coibir a indulgência excessiva em jogos e proteger a saúde física e mental de menores”, afirmou a China. 

Pessoas jogam jogos online em um cybercafé em Fuyang, na China, antes das novas regras sobre limite de horário. Foto: REUTERS/Stringer/File Photo

PUBLICIDADE

Os provedores de jogos online só podem oferecer serviços a menores por uma hora às sextas, sábados e domingos, relatou a Xinhua, citando um aviso divulgado pela National Press and Publication Administration. Eles também podem jogar apenas uma hora por dia durante as férias.

As novas regras fazem parte de uma repressão governamental mais ampla às empresas de tecnologia no país. A Tencent Holdings Ltd., a maior empresa de jogos da China, já havia começado a implementar restrições semelhantes.

Jovens chineses estão insatisfeitos 

"Tenho vontade de chorar", diz Zhang Yuchen, de 14 anos, que só consegue desfrutar de seu videogame favorito duas horas por dia durante as férias de verão devido ao endurecimento das regras na China para combater o vício em telas.

A gigante de tecnologia Tencent, líder do mercado chinês, impôs uma nova restrição ao seu principal jogo, o ultra-popular Honor of Kings. Agora, os menores de 18 anos só podem jogar duas horas por dia, no máximo. 

Publicidade

Algumas crianças podem passar o dia inteiro grudadas em suas telas. Um fenômeno há muito criticado na China por suas consequências negativas: problemas de visão, impacto nos resultados escolares, falta de atividade física ou risco de vício.

Uma amostra do peso do mercado de videogames neste país de 1,4 bilhão de habitantes é que geraram 17 bilhões de euros em volume de negócios só no primeiro semestre de 2021.

As regulamentações já proibiam menores de jogar online entre 22h e 8h, mas quando um artigo em um jornal econômico oficial no início de agosto descreveu os videogames como um "ópio mental", o setor começou a temer um novo reforço regulatório das autoridades.

O artigo apontava em particular para a Tencent e seu jogo Honor of Kings, um sucesso na China com mais de 100 milhões de usuários ativos diariamente.

Assim, os investidores se desfizeram das ações das gigantes do setor (Tencent, NetEase, Bilibili ...), o que fez com que os preços caíssem.

Diante dessa pressão, o grupo, que já impunha limitações no tempo de jogo por meio do reconhecimento facial para que menores de 18 anos não brincassem à noite, reforçou ainda mais as regras. 

Agora, eles só podem jogar Honor of Kings uma hora por dia durante o período escolar e duas horas durante as férias. Após esse período de tempo, o jogo trava.

Publicidade

Para muitos jovens, é uma estratégia excessiva. Para Li, de 17 anos, que se recusou a revelar o sobrenome, a medida é "angustiante", pois acredita que adolescentes da sua idade, quase maiores de idade e, portanto, mais responsáveis, podem limitar o tempo de jogo sozinhos.

Alguns astutos encontraram a solução: "usando a conta de um adulto, jogo de duas a três horas por dia e, claro, a partir das 22h", ri um jogador de 17 anos que preferiu não se identificar.

Mas a reação frenética dos mercados é justificada? “Os investidores no mercado de ações exageraram e isso deixou a mídia fora de controle", diz Ether Yin, analista da Trivium China. 

"Desde 2018, o governo quer evitar que as crianças se tornem viciadas em jogos", aponta, enfatizando que essa tendência não é nova, portanto, outras empresas de videogame devem criar suas próprias restrições nas próximas semanas.

Por enquanto, as medidas se aplicam apenas a este jogo da Tencent, mas a maioria dos pais agradece as novas restrições, embora alguns que gostavam de brincar com seus filhos também tenham sido afetados. / AP, AFP e BLOOMBERG

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.