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China escondeu casos de covid-19 no começo da pandemia

Documentos obtidos pela CNN mostram que número de casos da doença em fevereiro era mais que o dobro do reportado oficialmente

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - Em reportagem divulgada em seu site de notícias, a TV americana CNN afirmou nesta segunda-feira, 30, que teve acesso a documentos que mostram que autoridades chinesas forneceram ao mundo dados mais otimistas sobre o novo coronavírus do que os disponíveis internamente. 

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A TV afirma que em 10 de fevereiro, por exemplo, a China teve mais do que o dobro de casos confirmados de covid-19 do que os divulgados oficialmente na Província de Hubei, onde o vírus foi inicialmente detectado. Segundo a reportagem, esse número mais elevado, de 5.918 novos casos, nunca foi revelado na época, já que o sistema de contabilização dos registros parecia “minimizar a gravidade do surto”. 

A informação sobre o número mais elevado de contágios está, segundo a TV, entre uma série de revelações contidas em 117 páginas de documentos – marcados como confidenciais – vazados pelo Centro Provincial de Controle e Prevenção de Doenças de Hubei compartilhados e verificados pela CNN.

Médicos de hospital de Pequim se preparam para ir às ruas da cidade para realizar testes do novo coronavírus Foto: Nicolas Asfouri/AFP

“Juntos, os documentos representam o vazamento mais significativo de dentro da China desde o início da pandemia e fornecem a primeira janela sobre o que as autoridades locais sabiam internamente e quando”, afirma a reportagem. 

A CNN diz ter entrado em contato com o Ministério das Relações Exteriores da China e com a Comissão Nacional de Saúde, assim como a Comissão de Saúde de Hubei, para comentar as descobertas divulgadas nos documentos, mas não obteve resposta.

A TV lembra que o governo chinês rejeitou veementemente as acusações feitas pelos Estados Unidos e outros governos ocidentais de que Pequim ocultou deliberadamente informações relacionadas ao vírus, sustentando que ele tem sido transparente desde o início do surto. 

Mas, embora os documentos não forneçam evidências de uma tentativa deliberada de esconder as descobertas, eles revelam várias inconsistências sobre o que as autoridades acreditam realmente estar ocorrendo e o que foi revelado ao público.

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Os documentos, segundo a CNN, cobrem um período incompleto entre outubro de 2019 e abril deste ano, e revelam o que parece ser um “sistema de saúde inflexível, limitado pela burocracia hierárquica e procedimentos rígidos que estavam mal equipados para lidar com a crise emergente”. 

“Em vários momentos críticos na fase inicial da pandemia, os documentos mostram evidências de erros claros e apontam para um padrão de falhas institucionais”, afirma a reportagem.

Segundo a reportagem, um dos fatos mais impressionantes revelados pelos documentos diz respeito à lentidão com que os pacientes com covid-19 foram diagnosticados. Mesmo quando as autoridades em Hubei tentaram mostrar ao público que lidaram com eficiência e transparência no início da pandemia, os documentos revelam que os profissionais de saúde tiveram de atuar com testes e mecanismos de notificação falhos. 

Um dos relatórios citados pela CNN, do começo de março, diz que o tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico confirmado foi de 23,3 dias, o que especialistas ouvidos pela TV disseram que poderia dificultar significativamente as medidas para monitorar e combater a doença. A China sempre defendeu veementemente a maneira como tem lidado com o surto. 

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