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China não descarta usar força militar contra separatistas de Taiwan, diz presidente chinês

Xi Jinping pediu uma reunificação pacífica durante discurso em evento que celebra os 40 anos de mensagem de Pequim a Taipé para pedir o fim do confronto militar na ilha, autogovernada desde 1949

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Por Redação
Atualização:

A China não descarta a opção de usar força militar para combater grupos separatistas em Taiwan, declarou em discurso o presidente Xi Jinping nesta quarta-feira, 2, insistindo que a China "será reunificada" de forma pacífica. O pronunciamento aconteceu pelo 40º aniversário de uma mensagem enviada em 1979 pelos chineses a Taiwan. Nela, o governo reivindicava a unificação e o fim da confrontação militar com a ilha, autogovernada desde 1949.

Pequim "se reserva a opção de tomar todas as medidas necessárias" contra as "forças externas" que interfiram na reunificação pacífica e contra as atividades separatistas de Taiwan, advertiu nesta quarta.

O presidente chinês, Xi Jinping, deu seu aval para o início da bolsa Foto: Mark Schiefelbein/Pool/REUTERS

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"Afastar-se do princípio de uma única China levaria à tensão e ao caos nas relações para ambos os lados do estreito e prejudicaria os interesses vitais dos compatriotas de Taiwan", indicou Xi Jinping. "Nunca deixaremos nenhum espaço para as ações separatistas a favor da independência de Taiwan."

Para chegar a um "consenso" sobre a reunificação, Xi pediu diálogo entre todas as partes, acrescentando que o modelo de autonomia “um país, dois sistemas”, por meio do qual a China governa Hong Kong, é o melhor caminho para Taiwan. O presidente não estabeleceu uma data para conseguir a reunificação.

A China traduz a palavra “tong yi” como “reunificação”, mas ela também pode ser traduzida como “unificação”, termo preferido pelos separatistas de Taiwan, que observam que o governo comunista jamais governou Taiwan e que por isso ela não pode ser “reunificada”.

Separação

Taiwan e a China continental são governadas separadamente desde 1949, quando acabou a guerra civil chinesa e os comunistas chegaram ao poder em Pequim. As autoridades chinesas veem a ilha como uma de suas províncias, enquanto Taiwan se considera um Estado soberano, com moeda própria e sistemas político e judiciário, mas nunca declarou independência formalmente.

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Apesar da melhora das relações entre a ilha e o continente nos últimos 40 anos, Pequim continuou ameaçando recorrer à força para restabelecer sua soberania, caso Taiwan a proclame formalmente ou em eventual intervenção externa. "A independência de Taiwan levará apenas a um beco sem saída", advertiu Xi. "A China deve ser reunificada e será", frisou.

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, e ovice, Chen Chien-jen, cumprimentam a população durante a cerimônia de posse em 2016em Taipé Foto: AP Photo/Chiang Ying-ying

O líder chinês intensificou a pressão sobre a ilha democrática desde que Tsai Ing-wen, do pró-independência Partido Progressista Democrático (PDP), se tornou a presidente de Taiwan em 2016. Ela não só rejeitou a colocação de Xi, mas ainda exortou Pequim a adotar o regime democrático.

Em entrevista coletiva nesta quarta, Tsai rebateu: "O povo taiwanês aprecia os valores democráticos. São seu modo de vida", acusando Pequim de ter "comprado" nos últimos meses alguns dos aliados diplomáticos da ilha.

"Se o governo chinês não trata seu povo com indulgência, se não pode garantir os direitos humanos e se não deixa seu povo votar (...), os taiwaneses verão as intenções da China com suspeita", afirmou o Ministério taiwanês das Relações Exteriores.

Alguns membros do partido de Tsai pedem a independência formal da ilha, cujo nome oficial continua sendo República da China.

"Tom ameaçador"

Segundo o sinólogo Jean-Pierre Cabestan, da Universidade Batista de Hong Kong, o discurso de Xi, "com seu tom ameaçador", pode ter o efeito contrário e provocar os taiwaneses. O especialista aponta que o poder chinês quer afastar os eleitores do PDP em favor do Kuomintang (KMT), um partido considerado mais favorável à reunificação chinesa.

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"Mas, mesmo que o KMT volte ao poder (...), não teria mandato para negociar um acordo de reunificação", acrescenta o especialista. / AFP e REUTERS

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