China pede aos Estados Unidos e à Rússia que negociem e não abandonem acordo

Os governos de Washington e de Moscou anunciaram que vão deixar o tratado sobre armas nucleares dentro de seis meses

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Por Redação
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A China pediu ao governo dos Estados Unidos e à Rússia que negociem ao invés de abandonarem o acordo de controle de armas nucleares firmado pelos dois países em 1987. "A China se opõe à retirada dos EUA (do tratado) e demanda que EUA e Rússia resolvam de maneira apropriada suas diferenças, por meio do diálogo construtivo", disse o Ministério de Relações Exteriores da China em comunicado. O ministério enfatizou que o tratado tem "papel relevante" para "garantir o equilíbrio estratégico global", mas se opôs a possíveis esforços para criar um novo acordo que se estenda a outros países.

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"A China se opõe a fazer deste tratado um acordo multilateral", diz o comunicado. "O que é imperativo, neste momento, é defender e implementar o tratado existente, ao invés de criar um novo", acrescentou o ministério chinês na nota.

Na sexta-feira, 1º, os Estados Unidos anunciaram que deixarão o acordo dentro de seis meses porque, segundo o Departamento de Estado americano, as negociações para obrigar Moscou a abandonar mísseis e lançadores falharam. Neste sábado, 2, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que seu país também abandonará o tratado e desenvolverá novas armas nucleares de médio alcance, mas só as empregará se Washington fizer o mesmo.

Donald Trump e Vladimir Putin. Foto: Foto: Brendan Smialowski / AFP (16/07/18).

O governo norte-americano acusa a Rússia de desenvolver um míssil de cruzeiro que viola as regras do acordo, que bane a produção, teste e utilização de mísseis balísticos e de cruzeiro com alcance de 500 a 5.500 quilômetros (ou 310 a 3.410 milhas). A Rússia nega que esteja descumprindo o tratando e diz que o míssil tem alcance de no máximo 480 quilômetros (298 milhas). O governo russo alega ainda que Washington faz acusações falsas para justificar sua saída.

Aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) apoiaram o governo norte-americano e pediram a Moscou que preservasse o tratado.

Na nota, o ministério chinês afirma que a decisão dos EUA pode levar a "consequências adversas", reforçando alertas de que o movimento pode gerar uma nova corrida armamentista.

Além de acusar Moscou de violar o tratado de 1987, Trump também vê o acordo como um obstáculo para confrontar o crescente poderio militar chinês, na avaliação de especialistas. A China tem o quarto maior arsenal nuclear do mundo, com aproximadamente 280 ogivas, enquanto os Estados Unidos têm 6.450 e a Rússia, 6.850, conforme o Instituto de Pesquisa para a Paz Internacional de Estocolmo. Pequim tem feito grandes investimentos para desenvolver mísseis balísticos e de cruzeiro de longo alcance. /Associated Press

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