China pode "punir" Hong Kong por protestos, diz ex-chefe de banco central

PUBLICIDADE

Por CLARE JIM
Atualização:

Um membro da entidade que aconselha o Banco Central chinês alertou, nesta quarta-feira, que Pequim vai punir Hong Kong caso os protestos que paralisam há um mês partes do centro financeiro asiático, controlado pela China, tenham permissão de continuar. Joseph Yam, vice-presidente-executivo da Sociedade Chinesa para Financiamento e Serviço Bancário e ex-presidente do Banco Central de Hong Kong, disse que a integridade financeira e a estabilidade da cidade também estão em risco. “A prosperidade econômica de Hong Kong foi construída sobre seu papel de intermediário entre a China continental e o exterior, especialmente no reino financeiro”, disse Yam, que pediu para que os manifestantes, em grande parte estudantes, voltassem para casa.  “(Quando) o intermediário não coopera, não traz confiança, dá trabalho, a China continental com certeza vai reduzir sua confiança, começar de novo em outro lugar e reduzir as políticas preferenciais concedidas a Hong Kong em meio ao processo de reforma econômica", afirmou. O alerta aconteceu horas antes de o principal conselho parlamentar da China ter expulsado o legislador James Tien Pei-chun, de Hong Kong, por ter pedido para que o controverso chefe executivo da cidade, Leung Chun-ying, deixasse o cargo. Tien disse, após a notícia, que renunciaria como líder do Partido Liberal de Hong Kong.  Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas no auge das manifestações para exigir maior democracia na ex-colônia britânica, embora o número de manifestantes tenha caído para centenas nas últimas semanas. Os protestos foram desencadeados pela imposição da China sobre um restritivo processo eleitoral para escolher o próximo líder do território em 2017, sob o qual seriam permitidos apenas candidatos pré-aprovados por um comitê de 1.200 pessoas repleto de aliados de Pequim.  Os poderosos magnatas da cidade haviam alertado, antes mesmos dos protestos, que manifestações poderiam ameaçar a estabilidade financeira da cidade, embora tenham permanecido, em grande parte, silenciosos. A declaração de Yam aconteceu ao mesmo tempo que o secretário de Hong Kong para Serviços Financeiros e Tesouro, K.C. Chan, disse em uma sessão do Conselho Legislativo que o sistema financeiro da cidade funciona normalmente durante os protestos.  “O sistema cambial é robusto, as taxas de juros permanecem estáveis, e não há evidências de fluxo de saída anormal de fundos”, disse Chan.  “Quando ao impacto de médio e longo prazo sobre a indústria financeira de Hong Kong, nós não temos dados suficientes para fazer uma avaliação precisa. No entanto, quaisquer protestos prolongados teriam um inevitável efeito na confiança de investidores locais e externos, o que, em troca, aumentaria o potencial risco ao nosso mercado financeiro”, disse ele.  (Reportagem adicional de Clare Baldwin, em Hong Kong, e Sui-Lee Wee, em Pequim)

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.