PEQUIM - Apesar de a China ter sido durante décadas um dos poucos aliados diplomáticos do histórido líder doZimbábue,Robert Mugabe, o país asiático se beneficiará com sua queda e a com a chegada de Emmerson Mnangagwa, dizem especialistas ouvidos pelo jornal South China Morning Post.
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"Mnangagwa parece ter a mente mais aberta e falou abertamente contra políticas nacionalistas que frearam investimentos externos", disse Wang Hongyi, do Instituto de Estudos da África e Ásia Ocidental da Academia Chinesa de Ciências.
A China é o principal investidor no Zimbábue, apesar de a economia enfraquecida no país africano nos últimos anos ter prejudicado a presença chinesa. As companhias asiáticas investem majoritariamente no setor de energia, de agronegócio e de construção.
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O próprio Mnangagwa concedeu há dois anos uma entrevista em que prometeu criar "um clima de investimento que atraia o fluxo de capital". Ele, de 75 anos e que vai ser empossado como novo presidente na sexta-feira, recebeu treinamento militar e ideológico da China maoísta durante a década de 1960.
Outro representante da Academia Chinesa de Ciências especialista em assuntos internacionais, Shen Xiaolei, destacou que o novo presidente é conhecido por seu interesse em participar de atividades organizadas para a comunidade chinesa no Zimbábue, onde vivem cerca de 10 mil empresários do gigante asiático.
"Se aprendeu a lição de seu predecessor, estará disposto a governar com uma mente aberta e terá políticas mais amigáveis em relação ao investimento externo", acrescentou o analista.
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A China reagiu com relativa frieza à saída de Mugabe, que qualificou como "velho amigo". A imprensa chinesa publicou, por sua vez, artigos muito críticos contra a esposa do presidente destituído, Grace Mugabe, que rivalizava com Mnangagwa na sucessão de seu marido e era menos aberta a investimentos chineses.
Robert Mugabe visitou a China diversas vezes desde 1980, a última delas em janeiro de 2017, quando foi recebido por Xi Jinping. Já o líder chinês visitou o país africano em 2015. Apesar disso, as relações comerciais enfraqueceram nos últimos anos. Em 2016, o comércio bilateral caiu cerca de 15%. / EFE