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China prende líder de parada gay

Jovem é condenado a 12 dias de cadeia após desfile

Por PEQUIM
Atualização:

A polícia chinesa deteve um dos organizadores de uma parada gay em Changsha, cidade de 7 milhões de habitantes na região central do país, um sinal do nervosismo do governo diante do fortalecimento das reivindicações de direitos individuais mais amplos no país. Preso depois do desfile, na sexta-feira, o homem de 18 anos, identificado apenas pelo sobrenome de Xiang, terá de passar 12 dias recluso num centro de detenção por ter organizado uma manifestação ilegal, segundo nota publicada no site da polícia local. De acordo com o jornal Xiaoxiang Morning News, de Changsha, momentos antes da parada Xiang declarou ter a expectativa de que o evento levasse a população a questionar a discriminação contra gays, lésbicas, bissexuais e transexuais, e também a "ter uma compreensão mais adequada sobre nós". Na China, toda passeata e manifestação pública depende de autorização prévia da polícia, que dificilmente é concedida. Relatos dão conta de que 80 pessoas participaram da caminhada por um parque situado às margens do rio que banha a cidade, um polo ferroviário chinês, empunhando cartazes contra discriminação e uma bandeira gigante, com as cores do arco-íris. Não há notícias de problemas com a polícia durante a realização do evento. A detenção de Xiang mostra os limites que, em sua tentativa de conter as reivindicações por maior liberdade de expressão e direitos civis, o governo comunista impõe às manifestações públicas. A polícia dispõe de amplos poderes para monitorar, interrogar e deter ativistas das causas mais diversas, dos que exigem direitos religiosos aos engajados em causas ambientais. Com exceção dos casos em que o clamor social consegue se disseminar e os manifestantes acabam soltos, é raro que os detidos consigam contestar judicialmente as decisões do sistema. Apesar da marcação cerrada da censura, os ativistas encontram mais espaço para se expressar na internet. Os organizadores da parada gay de Changsha mantêm um site com o endereço www.rt1069.com. Diziam em uma de suas páginas que a parada "escreveria um novo capítulo na luta por direitos iguais para os camaradas", recorrendo à gíria que os chineses usam para designar os homossexuais. Realizada em 17, o dia internacional contra a homofobia, essa foi segunda parada gay de Changsha. Eventos similares aconteceram em outras cidades. É crescente a aceitação de gays e lésbicas pela sociedade chinesa, ainda que as uniões de pessoas do mesmo sexo não sejam reconhecidas e a legislação não inclua dispositivos coibindo a discriminação contra minorias sexuais. Em 1997, foi abolida uma lei contra "arruaceiros" que era usada para atingir gays. Em 2001, a homossexualidade deixou de constar da lista oficial de distúrbios mentais. / AP

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