China prende líder dos protestos de Tiananmen, diz família

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Por CHRIS BUCKLEY
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Um estudante que foi um dos líderes das manifestações pró-democracia de 1989 na China foi preso sob acusação de fraude, disseram parentes seus na quarta-feira, a poucas semanas do 20o aniversário da repressão aos protestos na praça Tiananmen. A prisão formal de Zhou Yongjun, que em 1989 era dirigente da União Autônoma dos Estudantes de Pequim, ocorre após meses de detenção secreta depois da sua volta do exílio nos EUA, segundo a família. Zhou está residindo permanentemente nos EUA, e sua detenção pode gerar novas tensões entre Washington e Pequim. Zhou Lin, irmão do réu, disse por telefone que ele foi acusado pela polícia de fraude na sua cidade natal, Suinin (sudoeste). A notificação da prisão teria sido recebida pela família por escrito na manhã de quarta-feira. Zhou Lin disse que a polícia já havia relatado a prisão informalmente à família, mas sem dar detalhes do caso. Zhang Yuewei, companheira de Zhou Yongjun, disse da Califórnia, onde o casal vive, que ele está preso secretamente desde que voltou à China, no ano passado, e que as acusações são infundadas. "Primeiro ele foi acusado de espionagem e de crimes políticos, mas agora mudaram para acusações de fraude financeira", afirmou. Xing Lin, funcionário do Departamento de Segurança Pública de Suining, confirmou que há um "caso envolvendo Zhou", mas se recusou a dar detalhes. Zhou, 41 anos, estudava Direito na época em que ajudou a organizar as manifestações pró-democracia. Ele estava na praça Tiananmen (ou praça da Paz Celestial) em 4 de junho de 1989, quando tropas armadas dispersaram os manifestantes. Há relatos de que centenas de pessoas morreram na repressão. Ele foi um dos três estudantes por trás de um dos confrontos mais conhecidos, quando se ajoelharam diante do Grande Salão do Povo (sede do Parlamento, ao lado da praça) para pedir ao então premiê Li Peng que recebesse um abaixo-assinado com reivindicações. Após anos detido, Zhou fugiu para os EUA em 1993. Tentando voltar à China, em 1998, foi sentenciado a três anos de "reeducação pelo trabalho", e voltou aos EUA em 2002. Em setembro do ano passado, tentou novamente regressar ao seu país, mas foi detido quando passava de Hong Kong a Shenzhen, segundo sua família. Recentemente, teria sido transferido para Suining. "Ele queria ver seu pai, que está velho e doente, mas eu não queria que ele fosse", disse Zhang.

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