China pressiona Coreia do Norte sobre programa nuclear

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Por JASON SUBLER
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A China colocou rara pressão pública sobre a aliada Coreia do Norte a respeito do plano do país de lançar um foguete de longo alcance, que está elevando a tensão na região e poderia inviabilizar um acordo recente de ajuda com os Estados Unidos. O anúncio do lançamento imediatamente pôs em dúvida as recentes esperanças de que o novo líder jovem da dinastia familiar que governa a Coreia do Norte estava pronto para abrir mais a nação à comunidade internacional. Especialistas disseram que o lançamento planejado é claramente um teste de mísseis balísticos, proibido pelas resoluções da ONU, e estaria em linha com a diplomacia praticada durante muito tempo na Coreia do Norte de usar ameaças à segurança regional para alavancar concessões da comunidade internacional, e dos Estados Unidos em particular. Também seria usado para impulsionar a estatura do novo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, que assumiu a dinastia da família após a morte de seu pai no ano passado. O vice-ministro das Relações Exteriores chinês, Zhang Zhijun, expressou a "preocupação" da China quando se encontrou com o embaixador norte-coreano Ji Jae Ryong na sexta-feira, relatou a agência de notícias Xinhua. "Esperamos sinceramente que as partes envolvidas fiquem calmas e sejam moderadas e evitem a escalada de tensão que pode levar a uma situação mais complicada", disse Zhang no sábado, segundo a Xinhua. Embora ele não tenha chegado a condenar o lançamento planejado, Pequim raramente vem a público pressionar o país isolado que depende fortemente de seu vizinho gigante para sua sobrevivência econômica. A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, na sexta-feira chamou o anúncio de altamente provocativo, pedindo para a Coreia do Norte honrar as suas obrigações, incluindo as resoluções do Conselho de Segurança da ONU que proíbem mísseis balísticos. Washington disse que o lançamento do foguete carregando um satélite poderia violar o acordo de Pyongyang no mês passado para acabar com os testes nucleares, o enriquecimento de urânio e lançamentos de mísseis de longo alcance -- e, assim, acelerar os planos dos EUA para retomar a ajuda alimentar. Analistas disseram que era improvável que Pyongyang voltasse atrás no lançamento planejado para coincidir com as celebrações do 100º aniversário do nascimento de seu fundador Kim Il-sung, o avô do líder atual. A Rússia, recorrendo a uma linguagem dura, advertiu a Coreia do Norte para não desafiar a comunidade internacional. Moscou enfatizou que o lançamento poderia minar as chances de retomar as conversações de seis nações há tempos paralisadas sobre o programa nuclear da Coreia do Norte. Coreia do Sul, Japão, Grã-Bretanha, França e outros países também expressaram preocupação. A Coreia do Norte prometeu que o lançamento do próximo mês não teria nenhum impacto sobre os países vizinhos. Pyongyang tem fornecido poucos detalhes sobre o novo satélite, mas disse que será um satélite "de trabalho" desenvolvido utilizando a tecnologia nativa. O lançamento acontecerá entre 12 e 16 de abril, perto da época em que a Coreia do Sul realizará uma eleição parlamentar, e pouco mais de três semanas depois de uma cúpula sobre segurança nuclear global, em Seul. (Reportagem adicional de David Chance em Seoul, Linda Sieg em Tóquio e Steve Gutterman em Moscou)

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