China recomenda evitar uso do ideograma do porco em festa

Em celebração do ano deste animal, objetivo da medida é não insultar muçulmanos

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Por Agencia Estado
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O governo chinês proibiu o uso do ideograma do porco para não insultar os muçulmanos, que coincide com a celebração do ano deste animal, iniciado no dia 18, segundo um documento governamental distribuído para os meios de comunicação e divulgado neste sábado, 24, pelo jornal South China Morning Post. "O ideograma do porco não deve ser usado" este ano para evitar ferir a sensibilidade das minorias muçulmanas da China, diz o documento, segundo o diário. Uma autoridade do departamento de propaganda da Administração Estatal de Rádio, Cinema e Televisão (Sarft, sigla em inglês), que transmite essas diretrizes aos meios de comunicação, confirmou ao jornal a proibição do uso do ideograma do porco, mas evitou se referir aos demais vetos alegando que os funcionários responsáveis estão de férias. A proibição foi confirmada na semana passada, quando um jornalista do canal estatal CFTV disse: "Pediram-nos que os porcos não apareçam muito na televisão, que os evitemos na medida do possível". Nas feiras realizadas por ocasião do ano novo lunar nos templos do país, podia-se verificar que as representações do animal são escassas. Em geral, nestas feiras, há muitos balões com a forma do animal do ano e outros objetos similares de grande visibilidade e colorido. Hoje, o Diário do Povo informa que o Executivo chinês redigirá pela primeira vez uma normativa que regulará os alimentos muçulmanos "para garantir a proteção dos costumes das minorias étnicas islâmicas". Na China, há dez minorias que professam o Islã (Hui, Uigur, Cazaque, Uzbeque, Tártara, Bonan, Quirguiz, Tadjique, Dongxiang e Salar) e que somam um total de 20 milhões de pessoas. O documento do Departamento Central de Propaganda e da Administração Geral de Imprensa e Publicações sobre os limites da imprensa para este ano inclui outros temas considerados críticos ao regime. O texto recomenda, por exemplo, não mencionar a "campanha antidireitista" contra os japoneses "para não atingir de forma negativa" o país vizinho. Outras proibições estão relacionadas ao debate sobre a liberdade de imprensa e às campanhas de proteção de direitos legais. O 90º aniversário da Revolução de Outubro na Rússia será "rigorosamente censurado", e o colapso da antiga União Soviética e da Cortina de Ferro será mencionado o mínimo possível. Temas que despertam o descontentamento popular - como a corrupção judicial, as campanhas de ativistas pelos direitos humanos, os crimes sexuais e o aristocrático modo de vida dos mais ricos e de suas concubinas - também serão censurados, segundo o diário. Essas diretrizes, emitidas em reunião da Sarft em janeiro, um dia após outra reunião do Departamento de Propaganda, são mantidas em segredo fora dos meios de comunicação chineses. O documento também condena oito intelectuais chineses por terem "passado dos limites" e estimulado o debate sobre a liberdade de imprensa e de opinião na China.

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