
14 de janeiro de 2021 | 02h59
PEQUIM - A China registrou nesta quinta-feira, 14, a primeira morte por covid-19 em oito meses. Pouco depois do anúncio, uma equipe de especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) chegou ao país com a missão de estudar a origem do coronavírus.
O país, onde a covid-19 foi detectada pela primeira vez há pouco mais de um ano, conseguiu erradicar a pandemia desde a metade do ano passado, graças ao uso de máscaras e fortes medidas de controle de movimento, como isolamento social e a implementação de aplicativos de rastreamento de celulares.
Uma máscara é bom. Duas é melhor?
Mas, nos últimos dias, vários surtos reapareceram no país, embora ainda esteja muito longe da difícil realidade registrada em outras partes do mundo. Na quinta-feira, a China anunciou o maior número de infecções desde março.
A maioria dos novos casos é registrada em Hebei, uma grande província que circunda a capital Pequim, com 81 casos. Segundo as autoridades sanitárias, o falecido esteve justamente nesta província. A última morte na China de covid-19 havia sido registrada em maio do ano passado.
De acordo com o balanço oficial, 4.635 pessoas morreram no país em decorrênciad da covid-19, que já causou quase dois milhões de mortes no mundo.
A notícia da morte se espalhou como um incêndio nas redes sociais e ultrapassou 100 milhões de comentários no Weibo, o equivalente ao Twitter na China. “É chocante, há muito tempo não via a expressão 'morto pelo vírus'” na China, alarma-se um internauta que deseja rapidamente o fim da epidemia.
Essa nova morte na China ocorre após o surgimento de vários surtos que levaram as autoridades a agir de forma decisiva.
Heilongjiang, uma província vizinha da Rússia, declarou "estado de emergência" na quarta-feira. Seus 37,5 milhões de habitantes não podem deixar a província, exceto em casos de urgência e as congregações planejadas foram canceladas. Uma das cidades da província, Suihua, lar de mais de cinco milhões de habitantes, foi colocada em quarentena na segunda-feira. Os moradores devem permanecer em suas casas e o transporte público foi suspenso.
O aumento dos casos preocupa o governo com a chegada do Ano Novo Chinês, que este ano cai no dia 12 de fevereiro, e que gera milhões de deslocamentos de trabalhadores migrantes que retornam com suas famílias. No entanto, é improvável que a China veja uma "disseminação em grande escala" do coronavírus, disse Feng Zijian, vice-diretor do Centro Nacional para Controle e Prevenção de Doenças, na quarta-feira.
Em meio a isso, uma equipe da OMS chegou nesta quinta-feira a Wuhan (centro), onde o vírus surgiu no final de 2019. Esta equipe é formada por dez cientistas de diferentes nacionalidades que tentarão chegar à origem da covid-19. No entanto, eles levarão algum tempo para iniciar seu trabalho porque terão de cumprir uma quarentena de duas semanas.
Esta visita é extremamente sensível para Pequim, preocupada em descartar qualquer responsabilidade na epidemia que colocou a economia mundial de joelhos. Prevista inicialmente para acontecer na semana passada, a viagem havia sido cancelada no último minuto porque faltavam autorizações necessárias.
Durante uma rara crítica à China, o diretor da OMS lamentou que seus pesquisadores não tenham podido visitar o país antes.
Esta missão durará entre cinco e seis semanas. Seu objetivo é explorar "todas as pistas", mas não procurará culpados, disse à AFP um de seus membros, Fabian Leendertz, do Instituto Robert Koch da Alemanha.
"Trata-se de compreender o que aconteceu para reduzir os riscos no futuro", insistiu Leendertz. Mas "não devemos esperar [...] que a equipe volte com resultados conclusivos" nesta primeira visita, avisou./AFP
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