Os conflitos entre humanos e javalis levaram as autoridades da província de Heilongjiang, no nordeste da China, a tomar uma medida extrema. Cem javalis, espécie protegida no país, serão sacrificados para impedir os ataques cada vez mais freqüentes desses animais a camponeses e colheitas. "Tentamos quase todos os métodos, como bater em bacias e soltar foguetes à meia-noite, mesmo assim não conseguimos manter os animais afastados dos povoados. Pessoalmente, eu envenenaria todos eles", disse um camponês. O problema é que após a adoção de medidas de conservação para proteger a espécie, a população de javalis duplicou nos últimos cinco anos na China, passando de 36 mil para 70 mil. Na mesma proporção, aumentaram os conflitos entre pessoas e animais, o que obrigou as autoridades a tomarem a medida extrema. Mas nem todo mundo concorda. "Se a decisão não se basear numa pesquisa geral, distorcerá a proporção de sexos e idades e destruirá a comunidade de javalis", afirma Jia Jingbo, catedrático da Universidade Florestal do Nordeste. "Os javalis não estão incomodando e sim se vingando dos seres humanos, que derrubam árvores e plantam colheitas em seu ´habitat´", argumenta Jia. Desde 1980, a China proíbe a caça, sem permissão, de animais selvagens sob proteção estatal, como o javali. Mas a lei não diz o que fazer quando as espécies protegidas causam danos a seres humanos. Os javalis não estão sozinhos. Outros animais selvagens tiveram problemas com os agricultores após a redução de seu ´habitat´ causada pela expansão das fronteiras agrícolas. Um dos mais carismáticos é o elefante asiático, espécie em grave perigo de extinção que vive nas florestas tropicais do sul da China. Sua sobrevivência está ameaçada, segundo ecologistas, pelo "ódio" que provoca entre muitos camponeses.