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China se cala sobre revoltas no Tibete

Após 2 anos das manifestações tibetanas em Lhasa, governo chinês não se manifesta

Atualização:

A China lembra neste domingo, 14, o segundo aniversário das revoltas tibetanas de Lhasa com poucas declarações oficiais, menos indícios de tensão que no primeiro aniversário e novas reivindicações de ONGs internacionais para que Pequim liberte os detidos após aqueles incidentes.

 

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Se em 2009, no primeiro aniversário, foram reportados vários incidentes isolados entre tibetanos e autoridades como ataques a escritórios oficiais e monges feridos em protestos, este ano nem a imprensa chinesa ou tampouco a estrangeira informou sobre incidentes ou deram maior atenção a uma região que continua censurada para os jornalistas internacionais.

 

A agência oficial "Xinhua" relatou hoje que, na cidade de Lhasa, o dia transcorreu em normalidade, com lojas abertas e peregrinos visitando os principais centros religiosos da área, o Palácio Potala e o Mosteiro Jokhang - em cujos arredores foram registrados alguns dos ataques de 2008.

 

A organização de defesa dos humanos Human Rights Watch (HRW) emitiu um comunicado no qual pediu ao regime comunista que liberte sem acusações os ainda detidos pelas revoltas de dois anos atrás e denunciou a "detenção arbitrária de dezenas de pessoas em Lhasa".

 

Segundo a representante para a Ásia da HRW, Sophie Richardson, "mais repressão produzirá justamente a instabilidade que o Governo chinês teme". Por isso, ela pediu a Pequim que "permita aos tibetanos desfrutar de liberdade de expressão e reunião".

 

A HRW assinalou que os protestos de 2008 foram uma resposta a medidas chinesas como a intromissão nas atividades culturais e religiosas tibetanas, o controle da economia regionalizada e reassentamentos em grande escala de camponeses e criadores de gado do Tibete.

 

Em 10 de dezembro de 2008, monges tibetanos em Lhasa iniciaram manifestações pacíficas para relembrar as frustradas revoltas de 1959 contra o Governo comunista, que terminaram com a fuga para a Índia do Dalai Lama, líder espiritual e político da região.

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Os protestos de 2008, que duraram vários dias, tornaram-se violentas em 14 de março, quando grupos violentos começaram a atacar lojas de imigrantes chineses, veículos, edifícios oficiais e outras instalações em Lhasa, incidentes que, segundo o Governo chinês, causaram a morte de várias pessoas.

 

Pelo menos duas pessoas, segundo as informações do Governo chinês (quatro de acordo com ONGs) foram executadas por responsabilidade nessas manifestações, e dezenas foram processadas, embora Pequim não tenha divulgado dados completos do processo.

 

Os protestos tiveram uma grande repercussão internacional. O Dalai Lama acusou a China de causar a morte de 200 pessoas na repressão posterior aos protestos, grupos pró-Tibete atacaram embaixadas chinesas no exterior e, por meses, houve ameaças de um boicote aos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008.

 

O regime chinês, que fechou o Tibete ao exterior durante meses, acusou o Dalai Lama pelos protestos e alguns meios de comunicação ocidentais de manipulação dos incidentes para deteriorar a imagem da China.

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