China se irrita com venda de armas a Taiwan, e EUA pedem calma

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Por BEN BLANCHARD E PAUL ECKERT
Atualização:

A imprensa estatal chinesa criticou na segunda-feira os Estados Unidos por planejarem a venda de 6,4 bilhões de dólares em armas a Taiwan, enquanto autoridades norte-americanas disseram que a reação de Pequim será limitada e temporária. É a primeira vez que o governo Obama vende armas a Taiwan, o que se soma a uma série de outros problemas bilaterais entre as duas potências, envolvendo política cambial, protecionismo comercial, liberdades na Internet e Tibete, entre outros. O diário estatal Diário da China informou que as vendas de armas dos EUA a Taiwan, que Pequim considera ser uma "província rebelde", "inevitavelmente lançam uma longa sombra sobre as relações sino-americanas". "A resposta da China, não importa quão veemente, se justifica. Nenhum país digno de respeito pode ficar de braços cruzados enquanto sua segurança nacional está ameaçada e seus interesses centrais são afetados", disse o diário em inglês no seu editorial. Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca, disse que as relações sino-americanas são importantes demais para que "qualquer um dos países possa se dar ao luxo de simplesmente se afastar do outro". Os EUA sempre reconheceram a existência de "uma só China", e desde 1979 substituíram as relações diplomáticas formais de Taiwan para Pequim. Mas desde aquela época Washington se compromete a ajudar na defesa da ilha. O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, defendeu a venda de armas, dizendo aos jornalistas que torcia para que fosse temporária a retaliação chinesa de restringir os contatos entre militares dos dois países. Gates disse que mantém seu plano de ir à China neste ano. A China há anos se opõe às vendas de armas dos EUA a Taiwan, mas na sexta-feira pela primeira vez Pequim pressionou Washington ameaçando punir formalmente empresas que tenham armas incluídas no pacote à ilha. Os dois principais dirigentes chineses, o presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao, não comentaram a questão, sinalizando que desejam manter uma margem para negociar com os EUA.

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