Chineses desaprovam libertação de norte-americanos

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Por Agencia Estado
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Alguns chineses reagiram com irritação hoje às notícias de que o governo irá liberar a tripulação de um avião-espião norte-americano que chocou-se com um caça chinês. "Abaixo os Estados Unidos!" gritou um homem na frente dos alojamentos onde os 24 militares estão detidos desde o acidente, dia 1º de abril. A polícia tomou um pôster que ele carregava mas não o prendeu. Mais tarde, outro homem promoveu um breve protesto semelhante nas proximidades da Casa de Convidados Nº 1 de Nanhang, em Haikou, a capital da ilha de Hainan, no mar do Sul da China. "O problema não foi resolvido, então não está certo permitir que eles voltem para casa", disse o dono de uma mercearia, que só deu seu sobrenome, Fu. "É como vir até minha porta e me dar um soco. Você não pode apenas dizer que sente muito, e ir embora". A decisão de Pequim de liberar a tripulação depois de completar o que chamou de "apropriados procedimentos de viagem" atraiu rápidas críticas nos fóruns de discussão online chineses. Tais fóruns são monitorados e comentários considerados inaceitáveis para o governo são removidos. Mas eles se transformaram numa popular forma de manifestação pública durante o impasse, quando autoridades desencorajaram protestos de rua. "O governo mostrou mais uma vez fraqueza", lia-se em uma mensagem colocada no site do jornal do Partido Comunista, Diário do Povo, menos de uma hora depois do anúncio da planejada liberação. A mensagem diz que a decisão é um desrespeito a Wang Wei, o piloto chinês desaparecido e transformado num herói nacional pela mídia estatal. Ele também citou o acidental bombardeio da embaixada chinesa em Belgrado por aviões dos EUA, em 1999, durante a campanha da Otan contra a Iugoslávia. "Como poderíamos dizer isso para as vítimas do bombardeio da embaixada? Como poderíamos dizer isso para Wang Wei? Sua morte não valeu nada", dizia a mensagem, assinado com o pseudônimo de Waiwaili. Em Haikou, uma mulher caminhando no centro comercial com seu marido e dois filhos afirmou que os Estados Unidos deveriam primeiro pagar indenização. "Só depois poderíamos conversar sobre mandar os tripulantes americanos de volta para casa", disse a mulher, que deu apenas seu sobrenome, Xing.

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