Chirac volta a atrair apoio da esquerda clássica

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Por Agencia Estado
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Afinal, o presidente Jacques Chirac é de esquerda ou de direita? Na véspera do debate de amanhã no Parlamento sobre o Iraque, muita gente pergunta sobre a evolução política do chefe de Estado, depois que ele assumiu a liderança do grupo de países que procura evitar a guerra. A ponto de, mais uma vez, todos os partidos políticos de esquerda representados na Assembléia Nacional apoiarem a posição da França na Organização das Nações Unidas (ONU) e incentivarem Chirac a, se necessário, usar o direito de veto no Conselho de Segurança (CS). Não é a primeira vez que a esquerda é levada a apoiar Chirac. Ele já havia recebido o apoio quase unânime da chamada esquerda clássica francesa, isto é, comunistas, socialistas e verdes, há menos de um ano, mas em circunstâncias diversas. Chirac foi eleito com 82% dos votos dos franceses dos mais variados horizontes políticos para impedir a ascensão da extrema direita de Jean-Marie Le Pen, no segundo turno do pleito presidencial. A história se repete, e mais uma vez os partidos de esquerda estão fechados, apoiando a posição do presidente da República. Não se pode dizer o mesmo dos partidos de direita. Mesmo no partido do presidente, União para a Maioria Presidencial (UMP), há dissidências sérias. Parlamentares importantes, representando os setores mais liberais da maioria presidencial, entre eles Alain Madelin, Axel Poniatowski, Hervé Mariton e mesmo Pierre Lelouche, este, muito próximo do presidente, não escondem seu desacordo com a posição francesa sobre o Iraque, defendendo mais solidariedade para com o aliado tradicional, os Estados Unidos. Tanto Hervé Mariton como Alain Madelin, ex-ministro da Economia, afirmam que não pretendem ver seu país em posição de ruptura com os norte-americanos. Eles advertem para os riscos que pesam sobre as relações franco-americanas, além da ameaça de isolamento da França. Quanto à esquerda, o primeiro secretário do PS, François Holande, um dos líderes da oposição socialista, quando indagado não hesita em afirmar: "A posição da França é justa e deve ser estimulada. Não há razão para queixas."

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